Cineasta diz que Cinemateca está abandonada e pode perder seu acervo: “É uma tragédia não só no audiovisual”
por Luciana Tortorello em 04/06/21 14:11
Laís Bodansky analisa o que vem acontecendo na Agência Nacional de Cinema (Ancine) como uma grande crise. A cineasta e ex-presidente da SPCine falou ao MyNews e comentou a atual situação do setor audiovisual no Brasil. Ela também falou do seu novo longa metragem, “Pedro”, que está em finalização.
“Antes da pandemia, todo o setor audiovisual, como todos os setores da cultura, e aí eu digo até mais, toda área de educação, toda área de ciências, vem sendo atacada de forma absurda por este governo e por uma questão ideológica, o que é uma pena, porque o setor audiovisual representa uma parcela importante do PIB brasileiro, ou seja, uma parcela importante de empregos, além justamente da gente nos reconhecer enquanto sociedade, enquanto expressão cultural. Toda a sociedade tem as suas características, é importante que a gente se veja, se olhe no espelho e que a gente se reconheça”, argumenta a cineasta.
A ex-presidente da SPCine relata que a Cinemateca, por exemplo, está abandonada. Que ali, onde está armazenado todo o acervo da TV Tupi, o acervo do Canal 100 e que precisa de tratamento específico, ar-condicionado em temperatura correta para manter as películas que ainda não foram digitalizadas. Esse material estaria se perdendo com a falta de interesse do Governo Federal em preservá-lo. “É uma tragédia não só no audiovisual”.
Bodansky está finalizando seu próximo longa metragem, o filme “Pedro”, que conta a história de Dom Pedro I, quando o país está em uma crise política e ele resolve voltar para Portugal para se resolver com seu irmão, Miguel. O filme que teve suas filmagens feitas antes da pandemia, tem Cauã Reymond como ator principal.
“Foi uma filmagem bem complexa, uma coprodução Brasil e Portugal. Filmamos em alto mar, a história de Dom Pedro I quando ele parte do Brasil e retorna para Europa, a história da viagem dele nessa fragata, uma fragata Inglesa, então nós filmamos uma parte em alto-mar, com parceria com a tripulação do Cisne Branco da Marinha Brasileira e outra parte no estúdio”, conta cineasta.
Um dos seus filmes mais conhecidos, o “Bicho de Sete Cabeças”, completou 20 anos de lançamento nesse ano. Bodansky destaca que a obra segue relevante e atual.
“Olha, a gente ainda tá no processo de comemoração, na verdade eu chamo mais de reflexão, porque Bicho de Sete Cabeças é um filme que nasceu já com o projeto engajado, um filme denúncia, para falar sobre a questão da saúde mental no Brasil. Fizemos esse evento de comemoração dos 20 anos, foi muito emocionante com a participação do Rodrigo Santoro, do Gero Camilo, dos produtores e também de militantes do movimento antimanicomial. Infelizmente, nesse momento a gente tem um governo que não valoriza as questões humanitárias, os Direitos Humanos, não valorizam a ciência, a questão da saúde mental no Brasil hoje, infelizmente, continua com uma fotografia muito parecida com a de 20 anos atrás”, relata a cineasta.
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