Doses do imunizante Oxford/AstraZeneca devem chegar ao Brasil ainda na sexta-feira
por Rodrigo Borges Delfim em 21/01/21 18:02
Atualizado às 17h20 de 21.jan.2021
O governo da Índia decidiu nesta quinta-feira (21) liberar a exportação para o Brasil de um lote de 2 milhões de doses da vacina Oxford/AstraZeneca. A informação foi antecipada pela agência de notícias Reuters e confirmada pouco depois pelo Ministério da Saúde e Palácio do Planalto.
As doses da vacina devem chegar ainda na sexta-feira (22) ao Brasil. Segundo a pasta, a carga será transportada em voo comercial da companhia Emirates ao aeroporto de Guarulhos (SP). Após os trâmites alfandegários, os imunizantes seguirão em aeronave da Azul para o aeroporto internacional Tom Jobim, no Rio de janeiro.
Outros países, como Marrocos, África do Sul e Arábia Saudita também encomendaram e vão receber os imunizantes.
As doses, desenvolvidas pela Universidade de Oxford e a AstraZeneca, estão sendo fabricadas no Instituto Serum. A instituição indiana é a maior produtora mundial de vacinas e recebeu pedidos de diversos países.
À Reuters, o ministro de Relações Exteriores da Índia, Harsh Vardhan Shringla, disse que as exportações comerciais começariam na sexta, alinhado com o compromisso do primeiro-ministro Narendra Modi de usar as capacidades industriais do país para ajudar toda a humanidade de lutar contra a pandemia.
“Ao seguir essa visão, nós temos respondido de forma positiva aos pedidos de países do mundo todo, começando pelos nossos vizinhos”, disse ele, em referência a suprimentos gratuitos fornecidos a outros países.
A vacina de Oxford/AstraZeneca, que também será produzida em breve no Brasil pela Fiocruz, é a principal aposta do governo brasileiro para o Plano Nacional de Imunização – que foi iniciado somente com a Coronavac, que já estava disponível no país.
O mesmo Instituto Serum foi atingido por um incêndio na manhã desta quinta. De acordo com os responsáveis pela entidade, a produção de imunizantes contra a Covid-19 não foi atingida.
A vinda das vacinas traz algum alívio para o programa de imunização brasileiro, que viu um grande revés na tentativa frustrada de trazer as doses da Índia na última semana.
O Itamaraty, como também é conhecido o Ministério de Relações Exteriores, anunciou em 5 de janeiro que tinha feito acordo com a Índia para a compra de 2 milhões de doses da vacina Oxford/AstraZeneca, Já naquela ocasião, no entanto, o Instituto Serum informava que a exportação para outros países só teria início depois de atendida a demanda interna indiana.
Em uma tentativa de antecipar o início da vacinação no Brasil, o governo federal chegou a preparar um avião especialmente para ir à Índia buscar as doses. O país asiático, no entanto, barrou a operação e disse que não tinha como atender à solicitação brasileira naquele momento.
Em seguida, no entanto, a Índia anunciou a doação de doses da vacina para países vizinhos, como parte da política diplomática para o sul da Ásia e outras nações no Oceano Índico, como Butão, Nepal, Bangladesh e Ilhas Seychelles. Não houve qualquer menção ao Brasil e à encomenda feita por meio do Ministério de Relações Exteriores.
Até o momento a única vacina em uso no Brasil para imunização contra a Covid-19 é a Coronavac, desenvolvida pelo laboratório Sinovac e pelo Instituto Butantan. No entanto, a produção encontra-se paralisada desde domingo (17) em razão da falta de insumos para o imunizante, que são importados da China e aguardam liberação do governo do país asiático para embarcarem para o Brasil.
Tanto a postura indiana quanto a chinesa sobre o Brasil são consideradas fruto de uma desastrada política diplomática do Itamaraty. Seu chefe o ministro Ernesto Araújo, é um representante convicto da ala ideológica do governo Bolsonaro e adota atitudes que vem desagradando parceiros comerciais mundo afora, incluindo chineses e indianos.
Por meio das redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido),no entanto, atribuiu ao Itamaraty e ao chanceler a liberação das vacinas pela Índia.
Ao todo, 57 países – incluindo o Brasil – já iniciaram o processo de vacinação, somando cerca de 54 milhões de pessoas já imunizadas.
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