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Nos corredores do Itamaraty, Araújo é chamado de “Beato Salu”, diz diplomata

Paulo Roberto Almeida avalia sucessor do ex-chanceler e diz que Araújo tem “sério desequilíbrio mental”

por Luciana Tortorello em 29/03/21 19:57

O diplomata Paulo Roberto Almeida avalia que o agora ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo é uma “mente perturbada” e que ele não deve conseguir emplacar uma carreira política após deixar o Itamaraty.

“Nós temos uma comissão de ética que diz que a gente não deve se manifestar nas eleições, mas ele criou um blog clandestino, ‘Metapolítica 17’, com subtítulo ‘Contra o globalismo’. Ali, ele colocou todas as teorias conspiratórias da direita americana contra o multilateralismo, e fez uma propaganda ativa atacando o PT, o marxismo cultural, o comunismo, a esquerdalha. E quando se descobriu que era ele que estava por trás desse blog, desses ataques, os meus colegas começaram a chamá-lo de Beato Salu. Realmente, quem lê aqueles os artigos de 2018 conclui que a pessoa tem algum sério desequilíbrio mental, porque são ataques que levam à religião e à política. Então deve haver algum problema nesse diplomata, que eu faço ser identificado como uma mente perturbada”, opina Almeida em entrevista ao Almoço do MyNews.

Beato Salu foi um personagem da novela Roque Santeiro, veiculada pela Rede Globo em 1975. Salu vagava pelas ruas anunciando o fim do mundo na obra de ficção.

No sábado, dia 27 de março, foi publicada uma carta assinada por mais de 300 diplomatas, na ativa e aposentados, pedindo a saída de Araújo. Almeida diz que nem todos que assinaram a missiva revelaram seu nome por medo de possíveis retaliações. O próprio foi Almeida demitido em março de 2019 do cargo de diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (Ipri), órgão vinculado ao ministério das Relações Exteriores, após publicar em seu blog pessoal textos sobre a Venezuela.

Um dos nomes cotados para ficar no lugar de Araújo é Luís Fernando Serra, embaixador do Brasil na França. Almeida avalia que o embaixador é um diplomata comum, um camaleão, como muitos diplomatas são, que se adaptam ao primeiro escalão.

O então ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo recebe o deputado federal Eduardo Bolsonaro. Foto: Raylson Ribeiro/MRE

“Ele [Luís Fernando Serra], foi meu colega na embaixada em Paris nos anos 90, não se distinguiu porém um brilho intelectual, não me lembro dele ter publicado artigos ou manifestado opiniões substantivas sobre política externa. Ou seja, um burocrata cinzento”, lembra o diplomata. “A única atividade mais distendida que eu me lembro que ele tenha feito lá foi escrever uma carta ao Le Monde reclamando de uma matéria especialmente crítica ao Brasil, feita pelo correspondente do Le Monde. É uma função que os diplomatas fizeram vergonhosamente na ditadura militar em que embaixadores eram levados a negar a existência de torturas e de desaparecimentos, de prisões e tudo mais. Infelizmente nós estamos vivendo um processo muito semelhante”, comenta o professor.

Para o diplomata, Araújo não deve conseguir uma carreira na política profissional porque a população quer “pão e circo” e o ex-chanceler tem a oferecer “Nietzsche, Kant e filosofia fascista”.

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