Eis, nós, novamente às voltas com um regime autoritário que, cada vez mais, mostra suas garras e busca se distanciar dos parâmetros de um Estado Democrático de Direito
por Maria Aparecida de Aquino em 17/05/21 22:44
Quem vivenciou os 21 (vinte e um) longuíssimos anos da Ditadura Militar que assolou o Brasil (1964-1985) com um imenso potencial destrutivo não poderia crer que passaríamos por processo semelhante. Até hoje, passados 36 (trinta e seis) anos de seu encerramento, nos debatemos com seus resquícios autoritários.
Entretanto, estávamos profundamente enganados. Eis, nós, novamente às voltas com um regime autoritário que, cada vez mais, mostra suas garras e busca se distanciar dos parâmetros de um Estado Democrático de Direito. Com uma diferença em relação à Ditadura Militar, antes foi dado um Golpe de Estado e este governo chegou ao poder (para nosso horror) por via direta, pelas eleições.
Ou seja, parcela significativa da população, abraçou suas ideias (verdade seja dita: ele não escondeu quem era e o que professava) e uma parte (menor) ainda, depois de tantos desmandos, segue ao seu lado, acompanhando-o.
Vejam só o absurdo: um ministro do Meio Ambiente que se alia aos madeireiros e destruidores da Floresta que deveria proteger. Uma ministra que diz que a “terra é plana” e acredita que “menino veste azul e menina veste rosa”. Um ministro da Educação (já defenestrado) que divulgava propaganda nazista como pano de fundo para seus pronunciamentos. Isso só para ficar em alguns exemplos…
E, não nos esqueçamos, um Presidente que nega peremptoriamente, em meio à maior crise sanitária que o Brasil vivencia, a existência da pandemia.
Quantas mortes mais serão necessárias? Já ultrapassamos a inacreditável marca de 400.000. E a negativa de compra de vacinas? A sociedade brasileira anseia por vacinação e estamos paralisados por falta de vacinas. Por quê? Porque não foram adquiridas. Por quem? Pelo governo federal que não negociou, nem quando obteve convite da Pfizer. Isto para não nos determos no imbróglio envolvendo a ANVISA e a liberação da vacina utilizada por mais de 60 (sessenta) países a Sputnik V. É por que é de origem russa? Existe o medo de que o comunismo seja inoculado via vacinas?
E isso me faz pensar: será que sou só eu que estou vendo a sandice generalizada e a urgência de se tomar providências? Este é o papel da sociedade civil organizada. Ou se faz algo ou todos sucumbiremos. Caminhamos a passos largos para a destruição definitiva de tudo que construímos a duras penas ao longo da República. Mas, mantenhamos a fé na população e nas instituições que tem o condão de salvar toda a população brasileira.
Maria Aparecida de Aquino é professora Doutora Sênior do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH/USP).
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