Segundo Carlos Lula, o país viverá ainda cinco ou seis semanas de ‘muita dificuldade’ e baterá os 3 mil mortos por dia
por Juliana Braga em 17/03/21 11:29
Pressionados pelo coronavírus, 25 estados já estão com mais de 80% dos leitos ocupados. A informação é do presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Carlos Lula. Em entrevista ao Café do MyNews, Carlos Lula prevê ainda cinco ou seis semanas de muita dificuldade, com o país caminhando para bater a marca de três mil mortes diárias. Nas últimas 24 horas, foram 2.841 mortes por covid-19, segundo o consórcio da imprensa.
De acordo com Carlos Lula, que é secretário de Saúde do Maranhão, todos os sistemas de saúde já colapsaram. Muitos estados já estão com filas de espera por leitos e não há mais para onde mandar os pacientes. Até São Paulo, que tem uma estrutura mais robusta, está perto do limite.
Com isso, explica, o número de mortos aumentará em função daqueles que sequer conseguirão tratamento. “Com esse cenário, além das pessoas que estão internadas, que uma parte vai falecer, a gente não tem como recuperar todo mundo, a gente vai ter as pessoas que vão começar a falecer agora por não ter um leito”, projeta.
E segundo ele, o Brasil só deve conseguir vacinar 70% da população no final de 2021. “Esse primeiro me parece que vai ser um semestre de extrema frustração”, avalia. Ele acredita na aceleração da vacinação só a partir de junho, quando os Estados Unidos devem concluir a imunização da sua população e, assim, haverá mais doses disponíveis no mercado mundial.
O secretário lamenta a demora em procurar os laboratórios. O consórcio dos governadores está em negociação com o Fundo Soberano Russo para adquirir a Sputnik V, vacina que ainda não tem pedido de registro na Anvisa. Segundo Carlos Lula, foi a única que afirmou ter doses disponíveis. “Hoje quando a gente vai tentar comprar, a gente está lá atrás na fila”.
Ele critica também a condução do presidente Jair Bolsonaro. De acordo com pesquisa divulgada pelo Instituto Datafolha, 56% dos brasileiros avaliam como ruim ou péssima a gestão de Bolsonaro no combate ao coronavírus. Para Carlos, a postura negacionista do presidente dificulta a adoção de medidas restritivas nos estados. “Eu tenho um problema social e aí eu ganho um problema político. Só dá para fazer isolamento, que é difícil, eu diria até impopular porque mexe com a vida das pessoas, se eu tiver toda a classe política unida em um sentido só. E eu tive o país dividido até agora.”
Mas ele tem boas expectativas com a mudança no Ministério da Saúde, com a saída de Eduardo Pazuello para a entrada de Marcelo Queiroga. De acordo com Carlos, Queiroga é uma pessoa dócil, que tenta chegar a um meio termo, mas que terá um desafio em função da postura de Bolsonaro. Segundo ele, a defesa da ciência, de Marcelo Queiroga, deve se encontrar “logo ali” com a política.
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