Com aliados desses, Haddad está à beira do esgotamento Ministro da Fazenda Fernando Haddad | Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

Com aliados desses, Haddad está à beira do esgotamento

Aprovada com ampla maioria, a urgência do PDL contra o aumento do IOF expõe o isolamento do governo, o desgaste de Haddad e a falta de disposição da base em pagar o preço de medidas impopulares.

A Câmara ainda não julgou o mérito, mas o recado foi claro: o governo perdeu o controle até sobre o relógio da sua própria sobrevivência fiscal. A aprovação da urgência do Projeto de Decreto Legislativo (PDL) que derruba o aumento do IOF com 346 votos é uma derrota política e não apenas procedimental que deixa exposta a fragilidade da articulação e o desgaste de uma equipe econômica cercada e sem espaço de manobra.

A tentativa de reforçar o caixa de 2025 com o aumento do IOF sobre operações de crédito foi recebida com resistência desde o início. Não apenas pelo impacto direto sobre consumidores e empresas, mas principalmente pela forma: uma decisão unilateral, sem consulta à base, com efeito regressivo e motivação arrecadatória travestida de técnica.

A aprovação da urgência escancarou uma realidade incômoda: até mesmo parlamentares aliados já não veem vantagem política em defender medidas impopulares propostas pelo governo. O problema não é apenas a condução da política fiscal é a percepção de que o governo não tem fôlego popular suficiente para bancar o desgaste. Deputados, sempre atentos ao humor das ruas e às redes sociais, sentem que estão sozinhos no front ao tentar justificar um aumento de imposto e preferem não pagar esse preço.

Sem capacidade de negociação com o Congresso, enfrentando fogo amigo dentro do próprio governo, Fernando Haddad parece estar às margens do esgotamento. O simbolismo de sua saída de férias justamente nesta quarta-feira (17), um dia após a derrota, é eloquente e preocupante. O país vive uma crise fiscal real, com rombo nas contas, desafios no INSS e um mercado atento aos sinais de desorganização. Tirar o pé nesse momento pode ser lido como desistência ou cansaço extremo.

Ainda há tempo para discutir o mérito do decreto e talvez negociar uma saída que preserve parte da arrecadação. Mas o relógio político está acelerado. E a cada nova derrota, consolida-se a imagem de um governo que tenta governar sem Congresso e com um ministro da Fazenda isolado.

A urgência aprovada ontem foi só um botão apertado no painel da Câmara. Mas, politicamente, ela acendeu todas as luzes vermelhas no Palácio do Planalto.

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