Garimpo ilegal foi organizado após boatos sobre descoberta de ouro na região. Atividade é de grande impacto ambiental
por Redação em 25/11/21 18:50
Menos de um mês após o fim da Conferência do Clima da ONU, a COP26, quando o Brasil chegou a fazer promessas de mudar as políticas ambientais e retomar um histórico de conservação da Amazônia e de sua biodiversidade, uma denúncia feita pela Organização Não-Governamental Greenpeace mostra que a realidade não segue os mesmos caminhos prometidos no âmbito internacional. Imagens feitas numa operação especial do Greenpeace mostram centenas de balsas de um garimpo ilegal no Amazonas, na cidade de Rosarinho, a 110 quilômetros da capital, Manaus. As balsas no Rio Madeira fazem a extração ilegal de ouro – após um boato sobre extração do metal precioso na região.
Segundo o Greenpeace, os garimpeiros utilizam dragas e outros equipamentos para cavar o fundo do rio, remexendo a areia e água, com impacto direto no habitat e implicando em repercussões para a fauna, a flora e as comunidades da região.
“O que vimos no sobrevoo é o desenrolar de um crime ocorrendo à luz do dia, sem o menor constrangimento. Isso tudo, óbvio, é referendado pelo presidente Bolsonaro, que dá licença política e moral para que os garimpeiros ajam dessa maneira”, declara o porta-voz da campanha Amazônia do Greenpeace, Danicley Aguiar, ressaltando que o Rio Madeira é o rio com a maior biodiversidade do mundo, abrigando ao menos mil espécies já identificadas.
A organização não-governamental denuncia que o garimpo ilegal é prática comum na região e aumentou desde que o estado de Rondônia regulamentou a prática no seu território, em janeiro deste ano.
Em entrevista ao Canal MyNews durante a COP26, a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva alertou para a necessidade de cobrar do governo federal medidas efetivas para a conservação ambiental e para a falta de credibilidade do governo Bolsonaro.
“A credibilidade é zero. O governo Bolsonaro fez algo que é completamente irracional. É como se você tivesse uma árvore, tivesse que limpar um galho que está à tua frente. Você cerrasse o galho e deixasse ele bem fraquinho e depois tivesse que pular para ele. Foi isso que o governo Bolsonaro fez. Durante esses quase três anos do seu governo, ele ficou cerrando o galho da credibilidade, da proteção ao meio ambiente, da governança ambiental, da alocação de recursos. Tudo o que ele podia fazer para desconstruir o que ele encontrou e ainda agravar mais a situação, ele fez. Agora ele tenta recuperar isso sem nenhuma credibilidade de que terá como dar sustentação ao peso desses compromissos que assumiu”, analisou a ex-ministra.
O Greenpeace lembra que em agosto deste ano, a Justiça Federal determinou que o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) anulasse diversas licenças concedidas de maneira irregular para a extração de ouro no Rio Madeira, sob a alegação de que não houve análises sobre os impactos ambientais da atividade para a concessão das autorizações.
Marina Silva disse acreditar que o governo Bolsonaro se comprometeu com algumas metas apenas para ganhar tempo. “O que ele faz é isso: anuncia o Conselho da Amazônia e ganha tempo para desmatar mais e queimar mais. Agora ele faz o mesmo movimento, por pressão internacional e pressão interna brasileira, que é muito grande. A falta de credibilidade do governo é algo irreversível”, pontuou.
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