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Dólar pode cair mais? Entenda porque risco Brasil deve segurar queda do câmbio

Depois de atingir os R$5,80 em março deste ano, o dólar encerrou agosto aos R$5,17. Para gestor, incerteza política deve segurar baixa maior da moeda

por Juliana Causin em 03/09/21 21:21

O cenário externo e as incertezas locais têm gerado um efeito de montanha-russa no dólar. A moeda americana, que em março deste ano encostou nos R$ 5,80, chegou meses depois, em junho, perto dos R$ 4,90. Em agosto, a volatilidade continuou. O dólar comercial – medida para as trocas econômicas – foi aos R$ 5,42. No fechamento do mês, passou a acumular queda mensal de 0,34%, valendo R$ 5,17.

Em entrevista ao MyNews Investe, Vanei Nagem, responsável pela Mesa de Câmbio da Terra Investimentos, explica que a queda recente do dólar foi influenciada principalmente por fatores externos. “Essa melhora nos países em relação a pandemia, com a vacinação e a evolução das economias, fez com que no mundo a moeda desse algum refresco”, explica ele.

Apesar da queda do dólar no mundo, Nagem explica que o movimento no Brasil de baixa poderia ter sido maior. Não foi, segundo ele, pelos riscos políticos e incertezas fiscais, que seguram o valor do câmbio. “Ele vem caindo aliado ao pacote de moedas emergentes, que é o nosso comparativo mais direto. No Brasil, só não caiu mais pelo nosso momento político, com incertezas”, acrescenta.

Para ele, a perspectiva é que o dólar continue pressionado no Brasil nos próximos meses. “Eu acho que a virada de 2021 para 2022, principalmente no decorrer do ano de 2022, vai ser um ano muito difícil para a moeda. Você tem ano de eleição com uma instabilidade muito grande do que pode acontecer, principalmente no mercado externo sobre o Brasil”, diz ele.

Nagem explica que mesmo a alta dos juros, com a taxa básica de juros no país podendo fechar o ano acima dos 7,5%, pode ser insuficiente para levar a uma desvalorização significativa do dólar.

“Quando a gente fala de juros, você fala que aumentar juros costuma diminuir um pouco a pressão no câmbio, mas não tem sido assim aqui por causa do risco do Brasil. Os investidores têm avaliado muito risco no momento, nossa inflação, um pouco de instabilidade, o governo que não tem passado para o mercado externo uma segurança muito grande e essa incerteza política de eleição”, explica.

Sobre a imagem externa do Brasil nesse momento, ele destaca que o cenário é de desconfiança. “A gente faz reuniões diárias [com investidores estrangeiros] e a pergunta que sempre fazem é se existe alguma chance disso [golpe]. Por mais que a gente tente passar uma certeza de que não vai acontecer, o investidor estrangeiro tem muita dúvida sobre o mercado brasileiro hoje”, acrescenta.


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