Normalmente títulos verdes são de empresas que já se enquadram nas práticas ESG e têm metas sustentáveis
por Luciana Tortorello em 08/09/21 21:02
Os padrões ESG têm sido cada vez mais frequentes no mercado financeiro. E não é por menos, cada vez mais consumidores têm levado em conta esse padrões na hora de consumir os mais diferentes tipos de produtos. Não querendo ficar para trás, os grandes bancos têm investido na emissão de títulos verdes.
Para entender melhor como os títulos verdes funcionam e quais os setores promissores, o MyNews Investe conversou com a chefe de Negócios ESG do Itaú BBA, Luiza de Vasconcellos. Ela explica que existem dois tipos de títulos considerados verdes: o título sustentável, que é uma combinação do verde e do social; e vinculado a metas de sustentabilidade.
“No título sustentável, cada real que você levantar, basicamente você tem que dedicar àquele projeto específico, é carimbado. No título ESG vinculado a meta de sustentabilidade, ele não tem o uso de recursos marcados, basicamente a companhia faz o que quer, mas você tem que cumprir algumas metas que normalmente são transversais na organização que não depende simplesmente da área de finanças e de sustentabilidade, passa por questões operacionais e de diversos departamentos dentro da companhia”, argumenta Vasconcellos.
Ela continua, dizendo que o segundo tipo de título é destinado para companhias que estejam no nível chamado de integração ESG, uma estratégia de negócio integrada à sustentabilidade, para que as metas façam sentido.
Sobre os setores, Luiza de Vasconcellos avalia que qualquer companhia poderia fazer uma operação desse tipo, desde que devidamente embasada, mas que normalmente o setor elétrico, a partir da energia renovável, e o setor de papel e celulose estão se mostrando bastante enquadrados nos padrões ESG.
“A gente sempre olha caso a caso. Eu tenho setores que a gente avalia estratégias mais amplas, porque sabemos que são setores que normalmente estão mais na mira, tanto na mídia quanto dos próprios stakeholders, de uma forma geral. Um ponto que a gente olha muito, por exemplo, eu vou dar um financiamento verde, para isso eu quero certeza que a empresa não está descumprindo nenhuma regra trabalhista, ambiental, que tenha uma boa governança, assim a gente sempre tem essa visão mais holística”, analisa Vasconcellos.
É impossível não fazer um comparativo da situação do ESG no Brasil com outros países do mundo. Um exemplo são os países da Europa e nos EUA, que têm uma preocupação com as práticas muito mais forte que por aqui, onde os investidores exigem que os fundos façam investimentos dedicados ao ESG.
“Quando a gente olha a realidade brasileira, ainda não está na cultura da mesma forma que lá fora. Crescendo a gente está, mas enquanto as pessoas exigirem de seus gestores de capital que aloquem seu dinheiro em fundos que sejam ESG, que passem por uma análise mais completa sobre esses aspectos na seleção dos investimentos, isso vai demorar um pouco. O mercado está ainda bastante atrás, mas o que a gente tem visto é um mercado que está crescendo muito, então a gente acha pelo menos no futuro, pode ajudar e incentivar esse tipo de captação”, interpreta a chefe de negócios ESG do Itaú BBA.
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