Analista do BTG Pactual explica como funciona o investimento e quais as oportunidades no setor de energia limpa
por Juliana Causin em 19/07/21 20:07
Dentro da renda fixa, além dos populares CDBs e Títulos do Tesouro, é possível investir também em títulos emitidos por empresas, as debêntures. Em entrevista ao MyNews Investe, Odilon Costa, analista de renda fixa e crédito privado do BTG Pactual, falou sobre quais os setores promissores dentro das debêntures, quais as oportunidades, riscos e que fazer para começar a investir:
Quem pode investir em debêntures?
Esse é um investimento recomendado para quem tem interesse em obter mais retorno na renda fixa, explica Odilon. “Como são títulos emitidos por empresas, normalmente elas pagam um prêmio [retorno] mais elevado que os títulos públicos com condições comparáveis. Para aquele investidor que visa ter um pouco mais de retorno na carteira e não quer ter exposição ao mercado de renda variável, sa debêntures preenchem esse espaço como meio do caminho entre um investimento mais conservador, que seriam os títulos públicos, e os ativos de renda variável – como ações e fundos imobiliários”, explica ele.
Como investir em debêntures
É possível investir em debêntures a partir das plataformas e corretoras de investimento ou também com um assessor de investimentos. “O ideal é o investidor olhar para quanto os investimentos de títulos públicos estão pagando e depois entender a natureza de risco de crédito da empresa”, afirma o analista.
O que levar em consideração
Antes de tudo, é sempre bom entender, assim como no mercado de ações, o risco de crédito da empresa. “A gente faz também tem que fazer uma análise das companhias. Em geral as debêntures, em especial as mais disponíveis para o investidor, são as debêntures incentivadas, atreladas ao IPCA, inflação oficial do governo, e que pagam um prêmio pré-fixado, uma taxa já dada, por exemplo o IPCA + 4% de juros. O ideal é o investidor entender um pouco o que está composto naquela taxa antes de tomar a decisão de investimento”, diz ele.
Ao analisar uma debênture de dez anos, por exemplo, o ideal é que o investidor a compare com um título público com condições similares de prazo e indexador e aí ver o quanto que aquela debênture paga em relação ao título público. “Ai sim você olha para essa relação risco retorno e entende se aquele risco adicional que vai correr por investir naquela empresa é recompensado por aquele prêmio de crédito adicional”, afirma Odilon.
Quais os riscos?
O governo ele tem menos risco do que as empresas porque em última instância ele tem capacidade de imprimir dinheiro para pagar o investidor, no caso de Títulos do Tesouro, por exemplo. ”No caso das debêntures, com títulos emitidos pelas empresas, elas têm que gerar caixa para poder honrar os seus compromissos financeiros. “E aí o tamanho desse prêmio vai em função do risco de crédito daquela companhia”, completa ele.
Como investir em energia limpa com debêntures?
“Um dos setores que a gente tem olhado bastante aqui no BTG é o setor de geração eólica. O Brasil tem diversificado a matriz energética e justamente para reduzir essa dependência da geração hídrica. Esse é um setor que tem um pouco mais de risco, obviamente, já existem fatores climáticos que influenciam a performance dos papéis no mercado secundário, mas é um setor que a gente entende que que ganhou bastante maturidade nos últimos anos”, afirma o analista do BTG. Segundo Odilon, o setor de energia eólica é defensivo e pode ser interessante para os investidores que estão montando uma carteira de debêntures.
Outros setores promissores:
1. Transmissão de Energia
“Para quem está começando, a gente sempre gosta de indicar o setor de transmissão de energia. É um setor que não depende de diversos fatores como outros da economia. No caso da linha de transmissão, ela basicamente depende da disponibilidade, ou seja, da linha estar disponível para passar energia. Basta ela estar entregue, ou seja, a linha de pé que ela já começa a gerar receita. Esse é um tipo de companhia que gera um caixa bastante estável e pode ser bastante atrativo para os investidores”, diz Odilon. Entre exemplos de empresas desse setor, o analista destaca a Taesa e a CTEEP.
2. Concessão rodoviárias
“O principal risco é o fluxo de passageiros que, aí sim, depende da atividade econômica. É um setor que sofreu muito na pandemia, então as empresas estão se recuperando”, avalia Odilon. Ele explica que esse é um setor que tem pago prêmios mais altos, o que pode mudar no médio prazo, com a reabertura. Segundo ele, esse é um setor que, no momento, traz boas oportunidades.
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