Economista estava internado desde o último dia 5 no Hospital Israelita Albert Einstein; a causa da morte não foi divulgada
por Sofia Pilagallo em 12/08/24 13:00
Economista Antônio Delfim Netto concede entrevista ao MyNews, em outubro de 2019 | Foto: Reprodução/MyNews
Antônio Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento, morreu, aos 96 anos, na madrugada desta segunda-feira (12), em São Paulo. Ele estava internado desde o último dia 5 no Hospital Israelita Albert Einstein. A causa da morte não foi divulgada.
Delfim Netto foi um economista, professor, político e diplomata brasileiro. Esteve à frente do Ministério da Fazenda durante boa parte da ditadura militar no Brasil (1964-1985) e ficou conhecido como pai do “milagre econômico”, período de amplo crescimento econômico nacional que perdurou entre 1968 e 1973.
Leia mais: Voltamos mais de duas décadas em termos de disciplina fiscal, diz ex-secretário do Tesouro
Em outubro de 2019, concedeu entrevista ao MyNews ao lado de outros grandes nomes da economia brasileira, como Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Na ocasião, debateu a questão fiscal e os melhores caminhos para o crescimento (cortar ou investir). É o autor da frase de que é preciso “fazer o bolo crescer, para depois dividi-lo”, defendendo que primeiro era necessário impulsionar o PIB para depois dividir a riqueza entre a população.
A ascensão política de Delfim ocorreu em 1966, após assumir a Secretaria da Fazenda em São Paulo, durante a gestão do governador Laudo Natel. Em 1967, deixou o cargo para tornar-se ministro da Fazenda no mandato do general Artur da Costa e Silva. Durante o mandato, em dezembro de 1968, assinou, em conjunto com outros nomes, o Ato Institucional nº 5 (AI-5), decreto que deu início ao período mais repressivo e sangrento da ditadura militar.
Leia mais: Entenda por que uma nova reforma da previdência pode estar a caminho
Delfim permaneceu como ministro da Fazenda durante o mandato de Emílio Médici, e deixou o cargo na gestão de Ernesto Geisel para ser embaixador do Brasil na França, entre 1974 e 1978. Ao retornar ao Brasil, assumiu o Ministério da Agricultura por cinco meses, seguido do Ministério da Secretaria do Planejamento da Presidência do Brasil em condições econômicas menos favoráveis. Nessa última passagem, contribuiu para a negociação da dívida externa elevada com credores estrangeiros e com o Fundo Monetário Internacional (FMI), com quem conseguiu empréstimo de US$ 6,5 bilhões.
Após o fim da ditadura, Delfim se tornou deputado federal por São Paulo e exerceu o cargo por 20 anos, entre 1987 e 2007. Aproximou-se do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quando ele cumpria um segundo mandato e, em 2007, foi nomeado por ele como membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), o “Conselhão”. Em 2018, teve o nome envolvido em caso de corrupção, quando procuradores da República o acusaram de receber propina durante a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará.
Leia mais: ‘Mercado deveria estar mais preocupado’, diz economista sobre troca do presidente do BC
Além dos cargos políticos que exerceu, Delfim teve importante papel na também na Academia. Foi Professor Emérito da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP) e tornou-se professor catedrático da USP em 1963 — cargo mais alto em uma carreira docente universitária —, sendo o primeiro ex-aluno da faculdade após a regulamentação da profissão de economista a conquistar o cargo. Ao longo da carreira acadêmica, desenvolveu pesquisas voltadas ao planejamento governamental e teoria do desenvolvimento econômico.
Delfim Netto deixa a mulher, Gervásia Diório, a filha, Fabiana Delfim, e o neto, Rafael. Não haverá velório aberto. O enterro será restrito à família.
Saiba por que Delfim Netto era conhecido como ‘pai do milagre econômico’ e relembre falas:
Comentários ( 0 )
ComentarEntre no grupo e fique por dentro das noticias!
Grupo do WhatsApp
Utilizamos cookies para oferecer melhor experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar conteúdo.
ACEITAR