Dezenas de mulheres, entre elas Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial, relataram ter sido abusadas por Silvio Almeida, que foi exonerado da pasta dos Direitos Humanos
por Sofia Pilagallo em 09/09/24 15:02
Silvio Almeida e Anielle Franco | Fotos: Wikipédia/Wikipédia
Denunciar assédio sexual é mais complicado quando o agressor é um colega de trabalho, afirmou a jornalista Kátia Belisário, pesquisadora em comunicação em gênero da Universidade de Brasília (UnB), durante participação no Segunda Chamada de sexta-feira (6). A declaração veio em meio ao debate sobre a exoneração do ministro Silvio Almeida, até então responsável pela pasta de Direitos Humanos e da Cidadania do Brasil. Dezenas de mulheres, entre elas Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial, relataram ter sido abusadas por Almeida. As denúncias foram feitas coletivamente à ONG Me Too.
“Eu gostaria de falar sobre a dificuldade que é para uma mulher denunciar. Existem canais, mas o silenciamento das mulheres é uma questão que precisa ser pensada. No caso específico da Anielle, é muito complicado”, disse Kátia, acrescentando que a situação de assédio é agravada quando o abusador é um colega de trabalho.
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A pesquisadora relembra o caso do economista Pedro Guimarães, ex-presidente da Caixa Econômica Federal. Em junho de 2022, ele deixou o cargo em meio a acusações de assédio sexual e moral feitas por funcionárias do banco. “Quantas mulheres tiveram que denunciar até que a denúncia fosse considerada?”, questionou. “Se uma mulher fala, é difícil a denúncia ser considerada. Precisa ter 20, 80, e mesmo assim, há o descrédito.”
Silvio Almeida negou as acusações e pediu à Me Too que explicasse as denúncias de assédio feitas contra ele. Em nota, afirmou repudiar “com absoluta veemência” as “mentiras” que estão sendo disseminadas e disse haver uma “campanha” para afetar a imagem dele “enquanto homem negro em posição de destaque no Poder Público”. Ainda na nota, citou o “amor e respeito” que tem pela família e pediu que as acusações, guardadas sob sigilo, se tornem públicas para que sejam investigadas “com todo o rigor da lei”.
A pesquisadora Kátia Belisário ressaltou que não estava colocando em pauta a veracidade das denúncias e reitera que Almeida terá todas as formas de provar a inocência, embora acredite que será “difícil” desacreditar tantas mulheres. Para ela, o agora ex-ministro é uma “grande autoridade em racismo estrutural” e alguém com competência acadêmica indiscutível, o que torna o caso ainda mais “triste” e “lamentável”. Conhecido defensor dos direitos humanos e da causa racial, Almeida é advogado, filósofo e professor universitário.
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