Durante culto evangélico em dezembro de 2021, empresário forçou mulher paraplégica a se levantar diante de grande plateia, enquanto dizia frases de incentivo de cunho religioso
por Sofia Pilagallo em 12/09/24 15:00
Pablo Marçal (PRTB) força mulher cadeirante a se levantar durante culto evangélico, em dezembro de 2021 | Foto: Reprodução/Redes sociais
O empresário Pablo Marçal, candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PRTB, age como se fosse um coach messiânico, afirmou o analista político Yuri Sanches, diretor-executivo do Atlas Intel, durante participação no Segunda Chamada de quarta-feira (11). Ao fazer essa declaração, ele relembrava um episódio em que Marçal expôs uma mulher paraplégica a situação vexatória em uma tentativa de fazê-la voltar a andar durante um culto evangélico em Goiânia.
Na ocasião, em dezembro de 2021, Marçal forçou a mulher a se levantar diante de grande plateia, enquanto dizia frases de incentivo de cunho religioso, como “nada é impossível para Deus”. Para Sanches, o fato de o empresário de extrema direita levantar pautas conservadoras — de costume e, sobretudo, religiosas — o aproxima muito do eleitorado do ex-presidente Jair Bolsonaro. Apesar de Ricardo Nunes (MDB) ser o candidato de Bolsonaro em São Paulo, o prefeito tem perdido espaço para o adversário entre evangélicos e bolsonaristas.
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Segundo a penúltima rodada de pesquisas do Instituto Datafolha, divulgada em 5 de setembro, Marçal manteve sua liderança entre bolsonaristas na corrida à Prefeitura de São Paulo e atingiu metade das intenções de voto nesse grupo, à frente de Nunes, que tem 28% do apoio dessa parte do eleitorado. Entre os evangélicos, o candidato pelo PRTB marca 29% das intenções de voto, seguido pelo prefeito, que tem 27%. Na pesquisa geral, os dois candidatos empatam tecnicamente dentro da margem de erro, de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
“Quando Marçal faz uso da religião [na política], coloca Deus no comum dos motes e fala em ‘guerra espiritual’, ele leva [a disputa] para um campo espiritual e até mesmo semântico, que faz com que boa parte do eleitorado bolsonarista se identifique mais com ele”, disse Sanches, acrescentando que Nunes não aposta na mesma abordagem política e, por isso, acaba ficando para trás.
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“Como Nunes não consegue fazer esse papel, Marçal muito habilmente dialoga [com essa parte do eleitorado], e aí entra o papel das lideranças evangélicas. Ele coloca um teste sob o monopólio de Jair Bolsonaro e impõe um desafio a Silas Malafaia”, acrescentou o analista político, em referência ao pastor com quem Marçal trocou farpas no último sábado (7), em manifestação na Avenida Paulista, após ter sido impedido de subir em trio elétrico.
Depois de deixar São Paulo, Marçal partiu para um evento de celebração dos 25 anos da Igreja Videira, em Goiânia, onde pregou por dez minutos para uma multidão de fiéis e convocou evangélicos a entrar em uma “guerra espiritual pelo país”. Em tom messiânico, ele afirmou ter recebido de Deus a profecia de que o Brasil será a nação mais próspera do mundo em 2025. Embora não tenha citado Malafaia no discurso, direta ou indiretamente, a fala foi interpretada como uma provocação.
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