Provavelmente desde os tempos do Barão do Rio Branco o Brasil não vive um momento de tanta instabilidade nas suas fronteiras.
por Cândido Prunes em 20/06/22 10:25
Provavelmente desde os tempos do Barão do Rio Branco o Brasil não vive um momento de tanta instabilidade nas suas fronteiras. A Venezuela há anos se tornou um narco-estado, descumpriu vários acordos que havia firmado com o Brasil (entre eles o da construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, o que causou prejuízos incalculáveis para a Petrobrás) e continua causando uma crise humanitária com os milhares de refugiados que utilizam o Estado de Roraima como corredor de fuga.
A Colômbia, segundo país mais importante da região, tanto em termos populacionais como de geração de riqueza, com o resultado das eleições ocorridas ontem, 19 de junho, deu uma guinada para uma esquerda bolivariana, cujos resultados impactarão negativamente a região. Qual será o verdadeiro poder e disposição que Gustravo Petro terá de desmantelar a última guerrilha ativa na Colômbia, não se sabe. O país também saiu dividido das eleições, Com metade do Congresso nas mãos da centro-direita. Mas o mais preocupante é a prometida aproximação com a Colômbia de Nicolás Maduro. Resta saber se as propaladas virtudes de Petro se imporão nessa nova relação, ou se os vícios de Maduro sairão vencedores. Nesse aspecto o histórico sul-americano não é promissor.
O Peru, com Pedro Castilho, tem um marxista-leninista (exatamente isso, em pleno século XXI essas ideologias ainda circulam e formam a opinião pública). Ele já sofreu tentativas de impeachment e de golpe, sendo que e seu próprio partido deseja reduzir o mandato para dois anos a fim de haver novas eleições no Peru em 2023. Não faz falta dizer que toda essa instabilidade num país produtor e exportador de drogas, e que tem uma enorme fronteira com o Brasil, de quase 3.000 Km (mais exatamente 2.995 km), sendo que sua maior parte é na floresta Amazônica, que isso é um problema. Os assassinatos cometidos recentemente no Vale do Javari foi a poucos quilômetros dessa problemática fronteira.
A Bolívia, sob a atual presidência de Luís Arce, ex-ministro do “cocalero” Evo Morales, sobrevive em sua tradicional instabilidade, e junto com o Peru é outro centro produtor de coca que encontra seu caminho natural de escoamento pelo Brasil. São 3.400 km de fronteira, sendo uma boa parte dela seca. Qualquer um a atravessa sem problemas.
O Paraguai continua a ser um entreposto de contrabando e mercadorias roubadas (estima-se que metade da sua frota de veículos foi roubada no Brasil – inclusive houve um tempo que a Mercedes-Benz presidencial do Paraguai tinha sido roubada de uma multinacional instalada no Brasil…). Além disso, é um conhecido “exportador” de armas e munição de grosso calibre que tem suprido as milícias urbanas bem como os narcotraficantes que atuam em território brasileiro.
Por fim a Argentina, que atualmente é ferrenha aliada do regime de Maduro e dos aiatolás do Irã, este último um estado terrorista com forte atuação na tríplice fronteira (Foz do Iguaçu).
Com esses vizinhos não faltam problemas para serem resolvidos pelo Itamaraty, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Marinha do Brasil, polícias militares dos estados fronteiriços, Ministério Público Federal e dos estados limítrofes, Força Nacional de Segurança Pública, Exército e Força Aérea, entre outras instituições. Sem uma atuação articulada e enérgica de todos esses entes o Brasil corre o risco de se tornar o que a maioria de seus vizinhos estão se tornando. Exceto, por enquanto, o Uruguai.
*Cândido Prunes é advogado, pós graduado em Direito Econômico pela Universidade de São Paulo e no programa executivo de Darden – Universidade de Viriginia, é autor de “Hayek no Brasil”.
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