Internacional

ENTREVISTA EXCLUSIVA

Comunidade internacional fracassou com a Venezuela, diz jornalista exilado

Acordo de Barbados, firmado em outubro de 2023 na presença das delegações de sete nações, buscava promover eleições limpas e justas em 2024

por Sofia Pilagallo em 02/08/24 17:27

Sylvia Colombo entrevista o jornalista venezuelano exilado Roberto Deniz | Foto: Reprodução/MyNews

A comunidade internacional fracassou com a Venezuela, uma vez que não garantiu o cumprimento do Acordo de Barbados, afirmou em entrevista ao MyNews o jornalista venezuelano Roberto Deniz, que vive exilado em Bogotá, na Colômbia. O documento, assinado em 17 de outubro de 2023, em Bridgertown, capital de Barbados, consiste em uma série de pactos firmados pelo governo venezuelano e pela oposição para a promoção de eleições limpas e justas em 2024. O tratado resulta de diálogos promovidos por vários países, incluindo o Brasil, e foi firmado na presença das delegações de sete nações: Noruega, Rússia, Holanda, Colômbia, México, Estados Unidos e Barbados.

“Acho que toda a comunidade internacional sabia para onde Nicolás Maduro estava caminhando” diz Deniz, em entrevista exclusiva à jornalista Sylvia Colombo, diretamente de Bogotá. “O Acordo de Barbados buscava, entre outras coisas, acabar com essa prática imposta pelo chavismo de desqualificar candidatos que [o atual governo] considerava uma ameaça política. Isso não ocorreu.”

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Na segunda-feira (29), o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) anunciou que, com 80% das urnas apuradas, o presidente Nicolás Maduro havia vencido a eleição presidencial de domingo (28) com 51,2% dos votos, contra 44,2% de Edmundo González. Para Deniz, o órgão eleitoral deveria ter divulgado os resultados na internet e explicado a distribuição dos votos, o que até agora não foi feito, cinco dias depois do pleito.

Momentos depois do anúncio, a principal líder da oposição, María Corina Machado, que foi impedida de participar da eleição e e apoiou o González, contestou o resultado e denunciou a ocorrência de uma “fraude grosseira”. Ela alega que uma contagem independente aponta a vitória eleitoral do rival de Maduro, com cerca de 70% dos votos.

Segundo o jornalista, estudioso do fenômeno político que ocorreu na Venezuela nas últimas décadas, o chavismo movimento político de esquerda baseada nas ideias do ex-presidente venezuelano Hugo Chávez “não concebe a alternância de poder”. Para ele, prova disso é que, dias antes da eleição, Maduro, aliado político e sucessor imediato de Chávez, falou em “banho de sangue” e “guerra civil” no caso de uma eventual derrota eleitoral do atual governo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), amigo de longa data de Maduro, e outros líderes mundiais, se mostraram preocupados com a declaração.

Assista à entrevista conduzida por Sylvia Colombo e veja o que conta jornalista venezuelano sobre vida no exílio:

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