Mais que políticas de aborto e imigração, eleitor americano quer saber como as propostas dos dois candidatos podem afetar o bolso nos próximos quatro anos
por Deysi Cioccari em 10/09/24 16:32
Kamala Harris e Donald Trump | Fotos: Reprodução Facebook/Wikipédia
O debate entre Kamala Harris e Donald Trump, que acontece nesta terça-feira (10), será um marco importante nas eleições dos Estados Unidos. Será possivelmente o único entre os dois candidatos, o que o torna ainda mais significativo. Embora temas como imigração e aborto sejam de grande relevância e devam aparecer no debate, é a economia que deve dominar as discussões.
“It’s the economy, stupid” (“É a economia, idiota”), famoso slogan da campanha de Bill Clinton em 1992, ainda reverbera na sociedade americana e mostra uma nação que se preocupa com o que realmente deve se preocupar. Apesar das agressões por parte de um ou outro candidato, elas não são a regra. O eleitor tem outras preocupações. Kamala terá que defender o legado econômico da administração Biden, destacando conquistas como a criação de empregos e a redução da inflação, apesar das críticas ao aumento do custo de vida. Este será um ponto chave para seu discurso.
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A economia dos EUA enfrenta desafios complexos, desde a alta dos preços até as incertezas no mercado de trabalho. Kamala poderá argumentar que, sob o governo Biden, houve um esforço para estabilizar a economia após a pandemia, destacando a redução do desemprego e a recuperação gradual. O economista Paul Krugman sugere que as políticas fiscais e monetárias adotadas pelo governo Biden ajudaram a controlar a inflação, embora a percepção pública seja de que essas melhorias não foram amplamente distribuídas entre as diferentes classes sociais. Um desafio para Kamala, que precisa demonstrar ser uma liderança forte, principalmente dentro de seu partido.
Donald Trump, por outro lado, deve adotar um discurso focado em desregulamentação e cortes de impostos, uma abordagem que caracterizou seu primeiro mandato. Segundo o economista Joseph Stiglitz, embora essas políticas possam gerar crescimento econômico em curto prazo, elas também tendem a ampliar as desigualdades, favorecendo principalmente as grandes corporações. Trump provavelmente tentará atrair eleitores descontentes com o aumento dos custos de vida e os desafios econômicos imediatos, contrastando com o otimismo que Kamala buscará transmitir em relação ao futuro da economia americana.
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Além das divergências sobre o papel do governo na economia, imigração e aborto também devem ser tópicos de destaque no debate. Kamala criticará as políticas rígidas de imigração de Trump, enquanto ele deve argumentar que as fronteiras precisam de controle mais rigoroso. No que diz respeito ao aborto, ela se posicionará contra as tentativas de limitar o direito ao aborto, especialmente após a revogação da decisão Roe vs. Wade, enquanto o adversário buscará agradar o eleitorado conservador.
Entretanto, reitero, é o impacto econômico que deve definir o tom da campanha de ambos os candidatos. O público americano está profundamente preocupado com a inflação, o custo de vida e o futuro do mercado de trabalho. Trump tentará capitalizar essas preocupações, apresentando-se como o candidato que pode revitalizar a economia com sua experiência empresarial. Kamala, por sua vez, terá que convencer os eleitores de que as políticas econômicas de Biden foram eficazes e que a continuidade do trabalho trará estabilidade e crescimento sustentável.
Portanto, o debate entre Kamala Harris e Donald Trump será uma oportunidade crucial para ambos definirem suas plataformas econômicas em um cenário de incerteza. Com a economia no centro das atenções, os candidatos precisarão abordar de maneira clara como pretendem enfrentar os desafios que afetam diretamente a vida dos eleitores. A performance de cada um no debate poderá moldar a narrativa das eleições e influenciar decisivamente a escolha dos eleitores indecisos. O bom sinal no meio disso tudo é que os eleitores, que estão ditando os caminhos do embate, querem ouvir sobre propostas.
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