Em um país conhecido pelo gigantismo do Estado, governo Lula fez jus à fama e levou 564 dias para anunciar alguma medida de controle dos gastos públicos
por Tiago Mitraud em 24/07/24 17:37
Presidente Lula (PT) faz discurso após assinar obras para conter enchentes em Araraquara (SP) | Foto: Ricardo Stuckert via Twitter
564 dias. Esse foi o tempo que o governo Lula levou para finalmente anunciar algum esforço perceptível, ainda que tímido, de controle dos gastos públicos. Os R$15 bilhões de cortes anunciados por Haddad na última quinta-feira (18), e confirmados nesta segunda (22) pela equipe econômica são, porém, insuficientes para que a meta de déficit zero do Arcabouço Fiscal seja alcançada, de acordo com diversos analistas independentes que se manifestaram desde então.
Em um país conhecido pelo gigantismo do Estado e com inúmeras possibilidades de corte de despesas — das generosas e questionáveis benesses políticas, como as emendas parlamentares e o fundão eleitoral, às insanidades fiscais das inúmeras vinculações e os inexplicáveis e persistentes privilégios com dinheiro alheio — não deveria ter demorado tanto para o governo se despertar para o assunto.
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Coincidência ou não, tal anúncio veio apenas depois da enxurrada de memes que tomou as redes sociais nas últimas semanas, concentradas no ministro “Taxad”, mostrando que a paciência do brasileiro com o contínuo aumento de impostos tem, sim, um limite.
Essa demonstração espontânea da população já não era sem tempo. Afinal, o governo estava até então muito confortável, acreditando que o necessário ajuste fiscal do país pudesse ser feito somente pelo aumento da carga tributária, sem ativar grandes reações da sociedade.
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O comodismo com essa direção era tanto que os memes deixaram o governo Lula desnorteado, tamanha a desconexão da realidade demonstrada nas reações às críticas recebidas. Das teorias da conspiração levantadas (“Precisamos descobrir quem financia os memes!”) ao desespero nos esforços de criar uma contra-narrativa (até matérias da época do governo Temer foram utilizadas como tentativa de defesa), a verdade é que o governo sentiu o golpe.
Mas embora seja saudável que o governo enfim tenha feito alguma sinalização minimamente relevante de cortes de despesas, não nos deixemos enganar. Infelizmente, são as medidas com viés exclusivamente de aumento de receitas dos primeiros 563 dias de mandato que representam a verdadeira agenda petista.
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