O ano começa com cenário quase definido e, para alguns, a corrida eleitoral de 2022 pode ser mais fácil do que outros pleitos já disputados.
por Paulo Totti em 06/01/22 14:41
Agora parece tudo resolvido. Já se sabe quem são os principais candidatos a presidente e até eu já sei quem será o vencedor. Falta oficializar o vice. Este, também já conhecido, disse que antes de tudo quer resolver o partido a que se vai filiar. Interessante esta situação. Para o ex-governador Geraldo Alckmin é mais tranquilo o caminho da vice-presidência do que foram todas as disputas de que participou em 33 anos de vida pública, inclusive as que perdeu para presidente como no segundo turno da eleição de 2014 quando teve menos votos do que no primeiro turno ou no fiasco da última campanha ao Planalto (4%). Dir-se-ia que nem ele chegou a pensar nisso, morar no Jaburu a convite do seu principal adversário em São Paulo. E derrotar a dezena de políticos que ambicionavam a vaga, até os que se candidatavam a presidente à espera de um caridoso chamado para ser suplente na chapa vitoriosa. Você acha que Rodrigo Pacheco, Simone Tebet, João Dória, Sérgio Moro, Luiz Henrique Mandetta, Alessandro Vieira, Felipe Dávila, até o Cabo Daciolo, não pensavam nisso? O abandonado general Mourão, por exemplo, aguardava patrioticamente o soar dos clarins para continuar em sua trincheira nos fundos do Palácio do Planalto. Enganou-se, era apenas a repórter Andréia Sadi que chegava.
É claro que, em dez meses até a eleição, algo pode mudar. Surpresas existem na vida das pessoas e das nações. Bolsonaro não levou uma facada em Juiz de Fora três meses antes da eleição em 2018? (A recente obstrução intestinal não fez esquecer a falta de compaixão com o drama da Bahia?) Serra, na campanha de 2014, não escapou incólume, e sem votos, do petardo de uma bolinha de papel no subúrbio de Campo Grande, no Rio? Mas agora, pelo menos, tudo indica que Moro ande atrás de votos e não possa abortar a candidatura do favorito às vésperas do pleito. A certeza que se consolida da vitória de Lula decorre de diversas situações da atualidade, a começar pela criatividade do convite a Alckmin e à bagunça generalizada do governo do capitão, uma tragédia perfeita por todos os ângulos em que se o examine. Com a inflação de dois dígitos a despedir-se de 2021, ignora-se quem é o principaI cabo eleitoral de Lula: o próprio Bolsonaro ou o vendedor do botijão de gás a R$ 120, R$ 130.
Há problemas paroquiais a serem superados como a quantidade de candidatos a governador na série de partidos que Lula pretende arregimentar sob uma federação de esquerda ou, mais ambiciosa, sob o que já se passa a chamar de frente ampla para a necessária reconstrução do país. O PSB apoia o PT em cinco estados e quer apoio em outros cinco. Grave é, porém, a situação da Terceira Via, uma esperança que talvez não sobreviva ao presente verão: nenhum dos quatro ou cinco candidatos tem condições de chegar sozinho ao segundo turno. E os outros não desistem em seu favor.
E o Centrão? Num discurso que pode confundir-se com o de Sérgio Moro, vai usar muito as palavras “corrupção”, “petrolão”, “ex-presidiário”, na campanha. O senador e ministro Ciro Nogueira, porta-voz do grupo, diz confiar na vitória: “o povo não vai querer de volta o Zé Dirceu, o Lindenberg, a Gleisi Hoffmann…” É impossível, porém, trair a natureza da espécie: se se acentuar o derretimento das chances de Bolsonaro, começará o abandono do barco.
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