Candidatos ao Congresso querem ‘fundão’ dos presidenciáveis ELEIÇÕES 2022

Candidatos ao Congresso querem ‘fundão’ dos presidenciáveis


De repente, não mais que de repente, como diria Vinicius de Moraes, numa semana em que aconteceu de tudo na vida brasileira – desde o general presidente do STM sentir-se feliz porque sua Páscoa não foi estragada por notícias sobre tortura de presos políticos durante a ditadura militar, até a polícia municipal de Goiânia premiar  com uma pistola semiautomática de 15 tiros o cidadão vencedor de uma  rifa  –  ganha corpo no PSDB a ideia de que é melhor não ter candidato do que ter João Doria na cabeça de chapa para presidente. O deputado Aécio Neves (MG) fez a revelação em entrevistas na quarta-feira (20).

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Estaria acontecendo com Doria no PSDB o que aconteceu com Sergio Moro no Podemos. Influentes membros de ambos os partidos passaram a defender que, em lugar do desperdício do Fundão Eleitoral numa campanha já perdida para o Planalto, seria “mais estratégico” investir nos candidatos a governador, senador e deputados. Moro foi procurar abrigo no União Brasil, onde não melhorou sua vida de calouro na política. E Dória permanece cada vez mais candidato de si próprio e cada vez menos do PSDB.

Concentrar os recursos na tentativa de reforçar sua bancada no Congresso e eleger governadores não deixa de ser uma solução pragmática, mas é a confissão da fragilidade eleitoral e a pobreza programática dos partidos alheios às alianças em torno de Lula e Bolsonaro. O petista e o presidente contribuem para a eleição de aliados em todo o país. Pesquisas apontam que o quase desconhecido aspirante a governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, aumenta as chances quando seu nome é associado ao de Lula. E o que seria de Tarcísio de Freitas em São Paulo, sem o apoio de Bolsonaro?

Rodrigo Garcia, substituto de Doria no governo de São Paulo, sabe que, se ultrapassar os 10% nas pesquisas, não creditará o sucesso à companhia de Doria. Rodrigo também não cresceria sob o guarda-chuva de Eduardo Leite, de acordo com as mesmas pesquisas.

E Bivar ajuda a reeleger-se um deputado estadual em Santa Catarina? Ciro, de tão empenhado na perseguição de um dígito, perde o conhecimento que tem das regras da economia brasileira e acusa Lula, se eleito, de manter Campos Neto na presidência do Banco Central. Esqueceu-se que essa é a lei, o mandato no BC vai até 2024.

Faltam candidatos e mensagem aos candidatáveis do Campo Democrático (cada vez que ouço falar em troca de nome da Terceira Via me vem à cabeça a mudança do sofá da sala).

Paulinho da Força, (Solidariedade, SP) cuja inconstância é uma das suas principais virtudes, andou em conversas com as lideranças dos principais adversários de Lula e voltou com mais informação de bastidores do que a repórter Andreia Sadi. Com Aécio, confirmou que a candidatura de Doria realmente derreteu. Com o senador Ciro Nogueira apurou que, com Lula eleito, o Centrão adere ao governo aos seis meses do novo mandato.

Enquanto isso, com o início da distribuição de mil reais aos mutuários do FGTS, Bolsonaro diminuía 6% no recordista índice de rejeição e a campanha de Lula ganhava um indireto “apoio crítico” de Armínio Fraga que se declarou a favor da revisão do teto de gastos (“zero investimento público não dá”) e de algum imposto sobre as grandes fortunas. Como diria Brizola, estará Armínio costeando o alambrado?

Obstrução de justiça – Menos de 24 horas após Daniel Silveira ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal, o presidente Jair Bolsonaro decretou o indulto do deputado. É uma graça individual, constitucional. E também obstrução de justiça, na minha modesta e leiga opinião.
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