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ELEIÇÕES 2022

E agora, José? Datafolha abala o bolsonarismo e sepulta a Terceira Via

Pesquisa Datafolha divulgada na quinta (26) abalou as ambições bolsonaristas e colocou em cheque o sucesso da Terceira Via com Simone Tabet.

por Paulo Totti em 30/05/22 11:17

Em nova pesquisa do Datafolha, ex-presidente Lula (PT) segue na liderança da corrida presidencial de 2022. Foto: Ricardo Stuckert (Agência PT).

Muito se falou e escreveu depois do Datafolha da quinta-feira (26). Meu vizinho em frente comemorou. O da esquerda concluiu que não haverá segundo turno. O da esquina reagiu como Ciro Nogueira: “Acredito mais em Papai Noel”. E um colunista não sabe o que dizer, é só melancolia. A mim ocorreram os versos de Carlos Drummond de Andrade: “A festa acabou,/ a luz apagou/ o povo sumiu (…) sua incoerência,/seu ódio — e agora, José?”

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Lula (48% a 27% na pesquisa estimulada, 38% a 22% na espontânea, 58% a 33% no segundo turno) lidera em todas, ou quase todas, as categorias: mulheres, jovens, negros, negras, empregados, desempregados, nordeste, sudeste, ensino fundamental, superior. E empata tecnicamente entre evangélicos e empresários (nestes últimos não há só ricos, há empresários médios e pequenos). O atual presidente só lidera, e com folga, entre os rejeitados: Bolsonaro, 54%; Lula, 33%.

Estamos a quatro meses de 2 de outubro, a pesquisa é um retrato do momento. Ainda não se iniciou o período de campanha na TV e no rádio, a candidatura de Simone Tebet apenas estreou e muita coisa pode mudar, como afirmam os que torcem pela surpresa.

Mas é evidente que, se a eleição fosse no domingo que vem, a soma dos votos válidos (54% a 30%) garantiria a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva no primeiro turno. A interrogação, porém, é que, cristalizadas como estão as candidaturas de Lula e de Jair Bolsonaro, haverá tempo para a simpática senadora do MDB conseguir espaço para crescer? Até agora, não saiu dos 2%. Dir-se-á que a performance é mais brilhante do que a de Luciano Bivar (União Brasil) que sequer pontuou.

Ambos decididamente não têm um bom desempenho. Certamente crescerão o suficiente para alcançar o encalhado Ciro Gomes (PDT), em improvável labuta para superar a falta de aceitação mais ampla. E continuarão distantes da vanguarda, numa disputa em que mais de 75% dos eleitores de Lula e Bolsonaro se declaram definitivamente decididos.

Daqui para a frente tudo indica que o Centrão vai concentrar, sem freios, sua campanha no antipetismo, corrupção na Petrobras, mensalão, triplex no Guarujá, e até a falta de um dedo na mão esquerda de Lula. É discurso canhestro e perigoso para ser utilizado por um partido como o PL, que tem Valdemar da Costa Neto na sua liderança ou num governo que tem Ciro Nogueira como chefe da Casa Civil.

Bolsonaro e os descerebrados da caserna e do cercadinho prosseguirão o combate ao comunismo (saber onde anda o comunismo é a batalha mais difícil) e continuarão em guerra contra a urna eletrônica, contra a turma do Supremo e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Já o PT não parece disposto a limitar-se a temas como rachadinhas, intermediação de pastores no Ministério da Educação ou malfeitos no Ministério da Saúde A tendência de Lula é abordar cada vez mais a inflação, o desemprego, a inoperância de todos os ministérios.

As rachadinhas, os pastores despachantes do ministério da Educação, os malfeitores do Ministério da Saúde, ocuparão o segundo lugar na atenção preferencial dos, até agora, cinco ou seis partidos de oposição. Estes aproveitarão, ainda, os bons resultados de hoje para ampliar as alianças estaduais, como já aconteceu com o PSD de Gilberto Kassab em Minas Gerais. Fica mais forte a atração de partidos ou dissidências para quem está em vias de ganhar a eleição.

Ao PSDB, rachado desde as prévias do ano passado e completamente destroçado com a pressionada renúncia de João Doria à ambição presidencial, resta aderir a Simone Tebet e esperar que o MDB apoie no Rio Grande do Sul outro frustrado presidenciável, Eduardo Leite. Se nem isso acontecer e Simon Tebet, do MDB de Michel Temer, não conseguir musculatura eleitoral, só restará à Terceira Via o conselho de mais um poeta, Manuel Bandeira: “Tocar um tango argentino”. 

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