Para o CEO da Quaest, Felipe Nunes, “o cenário de deterioração da imagem do presidente corresponde ao cenário de deterioração da economia”
por Sara Goldschmidt em 01/09/21 13:35
A terceira edição da pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (1°) mostra que a avaliação negativa do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) subiu de 44% para 48%, segundo levantamento feito entre os dias 26 e 29 de agosto, com duas mil pessoas entrevistadas. A avaliação positiva encolheu em comparação ao levantamento feito no mês de julho: de 26% para 24%. E a regular também: de 27% para 26%.
A pesquisa foi feita em 95 municípios brasileiros das cinco regiões do País, e também questionou sobre possíveis cenários para as eleições de 2022 e sobre a economia.
Em entrevista ao programa ‘Café do MyNews‘ desta quarta-feira, o CEO da Quaest e coordenador da pesquisa, Felipe Nunes, credita o cenário de deterioração da imagem do presidente Jair Bolsonaro à piora do cenário econômico brasileiro. “A incapacidade do governo de gerar uma percepção positiva sobre os resultados econômicos, isso afeta diretamente a avaliação do presidente, que neste momento, tem avaliação negativa superior em todos os extratos estudados nessa pesquisa. Homens e mulheres avaliam mal o presidente, de todas as regiões do País, inclusive entre os evangélicos”, ressalta Nunes.
Os estados do Nordeste, Sudeste e Sul foram os que apresentaram um maior aumento no índice de insatisfação do atual governo. Conforme os dados do levantamento, o Nordeste foi a região do país onde a rejeição a Bolsonaro atingiu o maior percentual: de 59% – acima dos 53% registrados em agosto. No Sudeste, a avaliação negativa passou de 42% em julho para 47% em agosto; e no Sul, de 36% para 39%.
Felipe Nunes cita o crescimento da rejeição de Bolsonaro no Sudeste, principalmente entre as classes média e alta, como uma novidade importante: “Quem segurou a queda do presidente no último mês foi a população do Centro-Oeste e com renda mais alta. Neste mês a gente começa a observar que setores que tradicionalmente estão com o presidente, grupos de renda alta e agora do Sudeste, aos poucos vão abandonando o presidente. Isso acontece num período em que ele ataca o Supremo, mantém a agenda do voto impresso ativa, e traz para o noticiário temas que não são relevantes pras pessoas”, explicou.
O levantamento mais recente da Genial/Quaest mostra outra realidade que surpreendeu diante dos resultados da pesquisa anterior: uma preocupação muito maior dos brasileiros com a economia. O principal problema para os entrevistados continua sendo a pandemia, com 28% das respostas. Mas hoje a economia aparece com 27%. Há um mês, a economia empatava com desemprego, em 16%, e a pandemia ficava no topo sozinha, com 36%.
Para 68% dos brasileiros, a economia piorou no último ano. 13% acredita que melhorou e 17% que ficou na mesma. Ainda assim, 44% dos entrevistados acreditam que vai melhorar, 20%, que vai ficar na mesma, e 32% que vai piorar.
Segundo Felipe Nunes, o avanço da vacinação fez com que as pessoas tivessem a percepção de que a saúde e a pandemia não são os principais problemas do País, e colocassem a economia no centro das atenções. Para ele, “o fim da pandemia não anima as pessoas, não transfere expectativa positiva e otimismo para o governo, que por outro lado faz as pessoas se preocuparem cada vez mais com a inflação, com o desemprego, com o crescimento econômico”.
A avaliação negativa do governo Bolsonaro também se reflete na pesquisa de intenção de voto para as eleições de 2022. O atual presidente da República perde em todos os cenários projetados, chegando a apenas 26% no primeiro turno.
Com Jair Bolsonaro, o ex-presidente Lula, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB) na disputa, Lula aparece na liderança com 47% das intenções de voto, Bolsonaro com 26%. Ciro e Doria aparecem embolados com 8% e 6%, respectivamente.
Em um cenário com mais candidatos, incluídos o apresentador José Luiz Datena (PSL), o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM), a senadora Simone Tebet (MDB-MS) e o presidente do Senado Rodrigo Pacheco (DEM-MG), nenhum deles passa dos 7% e Lula aparece com 44% das intenções de votos e Bolsonaro, com 25%.
Bolsonaro só venceria em um eventual segundo turno se a disputa fosse com Rodrigo Pacheco. E, mesmo assim, com uma margem apertada, de 36% contra 33%. Em segundo turno entre Ciro Gomes e Bolsonaro, o pedetista tem 45% das intenções de voto contra 33% do atual presidente.
A pesquisa também perguntou quem os entrevistados preferiam que ganhasse em 2022: 45% responderam Lula, 23% Bolsonaro e 25% uma terceira via. A principal razão dos entrevistados pelo voto em Lula é a gestão, com 59% das respostas, seguida pela economia, com 12%. Em relação a Bolsonaro, 27% responderam que votam nele pela gestão e 25% dizem que são anti-PT.
Para o coordenador da pesquisa e o CEO da Quaest, é importante lembrar que “o eleitor de baixa renda é um eleitor pragmático, não é um eleitor ideológico, e ele vai votar com o bolso, acima de qualquer coisa”. E ressalta: “Tendo essa população uma percepção de que as coisas não estão indo bem, de que os preços não serão controlados, e de que a economia e a inflação são os principais problemas, isso gera uma tempestade perfeita contra o governo.”
A pesquisa completa da Genial/Quaest pode ser conferida neste link.
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