Antonio Neto acredita que o ex-presidente deveria aceitar ser vice, mas vê cenário como improvável por “vaidade”
por Thales Schmidt em 19/04/21 12:35
Membro da Executiva Nacional do PDT e presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros, Antonio Neto acredita que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e Lula (PT) são dois polos que se alimentam e precisam um do outro. Para ele, chegou o momento do PT aceitar o ocupar a vice-presidência, embora essa situação seja “quase impossível porque a vaidade não lhe permite isso”.
“Não tendo um, você juntaria todos contra o outro, mas quando você têm os dois, eles vão polarizar ao longo de todo esse tempo e fica naquele jogo que ocorreu, por exemplo, em 2018, quando foi feito todo um trabalho inclusive com a falácia da candidatura do Lula”, afirma Neto ao MyNews.
Um ex-presidente concorrendo como vice não é um cenário inédito na América Latina. Cristina Kirchner, presidente da Argentina entre 2007 e 2015, é a atual vice do presidente Alberto Fernández. O caso argentino já foi citado por Ciro Gomes (PDT), que disse que Lula poderia buscar inspiração em Cristina, que “deu um passo pra trás e ajudou a Argentina a se reconciliar”.
Em entrevista à rádio CBN, Lula afirmou que o PT pode abrir mão da cabeça, mas destacou que o candidato à presidência deve ser “quem tem maior possibilidade de ganhar as eleições”.
Neto afirma que o PDT é um partido de centro-esquerda e que busca unir “quem produz e quem trabalha” para alcançar a “paz social no Brasil”. Já Lula, afirma o líder trabalhista, está na esquerda e Bolsonaro, “bem lá para a direita”.
A saída, acredita Neto, é aglutinar forças de progressistas, conservadores e “capitalistas lúcidos” para frear o “genocida” Bolsonaro. “Como nós fizemos a transição da ditadura? Foi compondo com setores conservadores, senão não fazia transição”, afirma o líder do PDT.
O integrante da Executiva Nacional do PDT também ressalta que a pandemia de covid-19 mostra a importância da participação do poder público na economia, mas o Brasil está “na contramão de toda história”. Neto destaca que as reformas econômicas dos últimos anos, como as mudanças trabalhistas e na previdência, pouparam o mercado financeiro.
“É um erro crasso de um capitalismo selvagem, um capitalismo burro porque você não tem capitalismo, que vive essencialmente de consumo, se você não tiver uma classe operária, um povo com poder de compra. Quando você abafa o poder de compra, reduz os direitos, você na verdade não está ajudando, está piorando”, diz.
O líder do PDT destaca o exemplo de Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, que aposta em pacotes de resgate econômico na casa dos trilhões de dólares e defende a importância da sindicalização dos trabalhadores.
“A pandemia mostrou ao mundo a necessidade da intervenção estatal. Não é só lá [nos Estados Unidos], você vai ver como está na Inglaterra, você viu que depois que Boris Johnson foi acometido da covid-19 ele volta e entende o papel do serviço público na saúde”, diz Neto.
Primeiro-ministro britânico, Johnson foi internado na UTI com um quadro grave de covid-19 em abril de 2020. Após receber alta, o premiê afirmou que o sistema público de saúde salvou sua vida.
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