Brasil é “pior lugar do mundo” para hospedar Copa América, diz epidemiologista Pedro Hallal

Realizar a Copa América no Brasil durante o descontrole atual da pandemia de covid-19 é um erro e o Governo Federal mente ao justificar a realização do torneio, afirma o doutor em epidemiologia e ex-reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Pedro Hallal.

O pesquisador classifica como “mentira” a afirmação de Luiz Eduardo Ramos, ministro da Casa Civil, de que os jogadores que participarão do torneio serão vacinados. Todavia, após a fala de Ramos, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, recuou e disse que a imunização não é uma “obrigação”.

“Os jogadores não vão estar vacinados. Em primeiro lugar, tem intervalo entre a primeira e segunda e segunda dose, depois tem o tempo [para desenvolver] imunidade. E por mais que fossem vacinados, também a vacinação já está comprovada que enquanto não se atingir a imunidade coletiva, a vacinação protege a pessoa de casos graves e óbito. Não protege o contágio na mesma magnitude, então, assim, não tem nenhuma lógica o argumento”, diz Hallal ao Segunda Chamada.

O torneio, diz o epidemiologia, poderá fazer o Brasil “importar e exportar” cepas de covid-19 e comparar a Copa América com outros campeonatos esportivos é um erro por sua duração mais longa.

“Basicamente é o seguinte, como que nós vamos escolher o pior lugar do mundo para fazer um torneio de futebol agora? E eles acertaram na mosca, escolheram o pior lugar porque o Brasil tem a variante P1, tem o risco da variante indiana se disseminar rápido e tem, a informação que talvez seja a mais relevante, que é o processo de novo crescimento de casos”, diz o professor da UFPel.

O epidemiologista avalia que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é responsável por 3 em cada 4 mortes causadas pela covid-19 no Brasil.