Como novo foco de investigação da PF ao ataque às urnas pode influenciar as eleições ELEIÇÕES 2022

Como novo foco de investigação da PF ao ataque às urnas pode influenciar as eleições


O presidente Jair Bolsonaro, militares e outros integrantes do governo se tornaram alvo direto no Inquérito das Milícias Digitais do Supremo Tribunal Federal (STF), com investigação da Polícia Federal (PF). A informação é do jornal Folha de S.Paulo, que trouxe à tona na semana passada alguns resultados de apurações da PF sobre investidas contra as eleições.

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Depoimentos mostraram que desde 2019, militares do governo fazem esforços para buscar informações contra as urnas eletrônicas. São eles: os generais Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, e Luiz Eduardo Ramos, então ministro da Casa Civil, Alexandre Ramagem, então chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), parte do GSI. 

Em agosto do ano passado, o STF acatou um pedido do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), feito através de uma notícia-crime. A corte eleitoral pediu uma investigação após Bolsonaro realizar a live do dia 29 de julho, quando divulgou informações sigilosas do TSE.

Presidente Jair Bolsonaro (PL) em live semanal. Foto de arquivo. Foto: Reprodução (Redes sociais).

O Inquérito das Milícias Digitais foi iniciado em julho de 2021 para apurar ataques à democracia feitos de forma ordenada, por alguma organização na internet. Ele é visto como uma continuação do Inquérito das Fake News, porque usou informações dessa investigação prévia.

A partir de um entendimento da Polícia Federal, de que a tentativa de desacreditar as urnas eletrônicas tinha um método semelhante ao das milícias, a investigação sobre o ataque ao sistema eleitoral foi unido ao das milícias digitais. A mobilização em tono das manifestações do sete de setembro do ano passado e o compartilhamento desinformação sobre vacinas também devem entrar para o inquérito. 

A transmissão de julho de 2021 é considerada a mais grave em meio às diversas investidas do governo contra as eleições. Mas, apesar da promessa que fez, o presidente não apresentou na live provas de fraude nas urnas nas eleições de 2014, como havia dito que faria. 

Segundo a Folha de S.Paulo, os investigadores acreditam que essa a apuração pode servir como um anteparo para evitar um golpe, para mapear previamente movimentações que planejem alguma insurgência no período eleitoral. A PF defende que é possível evitar uma invasão ao capitólio “à brasileira”. 

Esse é mais um inquérito que tem pessoas próximas ao presidente e o próprio presidente como investigados. Segundo o professor Luís Mileo, especialista em Direito Penal, o processo deve ter andamento ao longo do ano, apesar de estarmos próximos do período eleitoral. Para ele, o que pode dificultar é a quantidade de casos reunidos numa mesma investigação (veja vídeo abaixo).

 

Outra dúvida que surge a partir desse novo foco da PF é se a investigação pode afetar a elegibilidade do presidente. “Se alguma responsabilidade [relacionada a Bolsonaro] for comprovada, poderá configurar abuso de poder. Isso poderá ser um argumento para impugnar o registro de sua candidatura”, declarou o jurista. A Procuradoria-Geral da República (PGR) e qualquer partido, federação partidária ou candidato podem contestar judicialmente a candidatura nesse caso. 

Já um processo contra o presidente para julgar um crime só começa se a PGR fizer uma denúncia com o aval da Câmara dos Deputados. 

E, para Luís Mileo, a investigação não tem o potencial de frear a possibilidade de um golpe, ao contrário do que seria defendido pelos investigadores. 

Mais uma troca de farpas

No sábado (14), o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes afirmou que o país terá eleições limpas e transparentes através das urnas. Ele discursou no Congresso brasileiro de magistrados, em Salvador, e não deixou de mencionar as milícias digitais.

Segundo o ministro, “a internet deu voz a imbecis”, que fingem ser especialistas em qualquer assunto e atacam o judiciário. Ele ainda disse que movimentos populistas enfrentam o Judiciário por entender que a independência desse poder impede regime ditatoriais.

Moraes ainda reforçou que “o poder judiciário não pode e não vai se acovadar”.

No domingo (15), em conversa com apoiadores e com a imprensa na Praça dos Três Poderes, em Brasília, o presidente Bolsonaro respondeu a Moraes. Declarou que “imbecil e psicopata” é quem considera antidemocrático movimentos espontâneos como o do sete de setembro.

Bolsonaro ainda disse que as pessoas que pedem a volta do AI-5 nessas manifestações são dignas de pena, e não de multa e prisão. “Olha só, você acha que isso tem repercussão? O maluco levanta uma faixa lá ‘AI-5’. Existe AI-5? Você tem que ter pena do cara que levanta a faixa do AI-5”, afirmou o presidente. 

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