CPI da Pandemia evidencia “esgarçamento” entre os poderes, diz cientista social

A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso de determinar a abertura da CPI da Pandemia é sintoma da “politização do judiciário”, afirma ao MyNews o cientista social Daniel Douek.

“Ao mesmo tempo, quando a CPI parte do Supremo a gente percebe o movimento que já vem acontecendo de alguns anos na sociedade brasileira, que é de uma certa politização do judiciário, um esgarçamento do relacionamento entre os poderes executivo, legislativo e judiciário. Isso acho que é um elemento de preocupação, por mais legítimas que sejam os anseios sociais de investigação”, explica o cientista social.

Em coletiva de imprensa, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-RJ) afirmou que a instalação do colegiado determinada pelo Supremo foi decidida de maneira “equivocada” e que a CPI pode ser servir como “palanque” para 2022. Assim assim, o congressista destacou que a decisão de Barroso será cumprida.

Israel e Bolsonaro

Diretor do Instituto Brasil Israel, Douek critica o fato de Bolsonaro buscar falar de Israel quando a pauta é um suposto remédio milagroso, mas ignorar o isolamento social severo e a vacinação acelerada no país do Oriente Médio.

“Em Israel, foram 3 lockdowns bastante severos e a vacinação foi iniciada com a maior antecedência possível, ainda em 2020. Nesse momento, Bolsonado esqueceu Israel. Ele se lembrou quando surgiu de repente um spray milagroso, essa ideia de produto milagroso, foi ele que usou esse termo milagroso. Porque aquele Israel de lockdown, de vacina não fazia nenhum sentido pra ele. Mas um Israel que faz jus à ideia messiânica que ele criou desse país, que desenvolve milagres, aquele Israel que está na Bíblia que não tem nada a ver com esse estado de Israel moderno, contemporâneo”, diz o cientista social.