Agora que os depoimentos e documentos enviados delinearam a existência de um gabinete paralelo, omissão na aquisição de vacinas e o uso da máquina pública para promover medicamentos sem comprovação científica, a CPI da Pandemia pretende avançar para fatos novos. O canhão está apontado agora para a quebra de sigilos dos integrantes do gabinete paralelo, com o objetivo de descobrir se houve pagamento de vantagens indevidas no decorrer do combate ao coronavírus.
Ao deixar o Ministério da Saúde em março, o então titular Eduardo Pazuello fala sobre a cobrança de “pixulé” na pasta. Com base nessa afirmação, os senadores querem entender se houve de fato e quem poderia ter sido beneficiado.
Para isso, foram apresentados pedidos de quebra de sigilo bancário, fiscal e telemático de pessoas apontadas como integrantes do gabinete paralelo de aconselhamento do presidente Jair Bolsonaro. São alvos o ex-secretário de Comunicação Social da Presidência, Fábio Wajngarten, o ex-ministro de Relações Exteriores Ernesto Araújo, o empresário Carlos Wizard, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, o publicitário Marcos Arnaud , o vereador Carlos Bolsonaro e o assessor de Assuntos Internacionais da Presidência, Filipe Martins.
O senador Alessandro Vieira, que apresentou os requerimentos, justifica que é necessário identificar a evolução patrimonial dos citados. No caso de Marcos Arnaud, o Markinhos Show, ele especifica a necessidade de verificar se houve interferências privadas na comunicação do Ministério da Saúde. No de Wajngarten, ele pede a quebra de sigilo de suas empresas também, a fim de verificar se não houve pagamentos que o beneficiassem.
Nem o filho do presidente Jair Bolsonaro é poupado. “Faz-se igualmente necessário avaliar a movimentação financeira do Sr. Carlos Bolsonaro desde o início da pandemia, aferindo-se se houve acréscimo em seu patrimônio que tenha sido compatível com a sua capacidade econômica, de modo a afastar qualquer dúvida a respeito de eventual locupletamento ilícito”, justifica o senador.
Apesar do esforço, o próprio senador reconhece ser difícil encontrar provas flagrantes de corrupção e lavagem de dinheiro. Segundo ele, seria necessário medidas mais amplas, difíceis de serem viabilizadas em uma CPI, como o aumento do escopo de investigados, para localizar eventuais laranjas.