Documentos obtidos pelo Poder 360 mostram que Hang só regularizou a empresa após lei sancionada por Dilma facilitar repatriação
por Redação em 05/10/21 10:06
O empresário Luciano Hang manteve por 17 anos uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, mas sem declará-la às autoridades brasileiras, o que é ilegal. A revelação foi feita pelo portal ‘Poder 360’, integrante do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos. A Abigail Worldwide foi criada em 1999 no paraíso fiscal no Caribe, e só foi regularizada em 2016.
O empresário, hoje próximo ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), aproveitou uma lei sancionada pela ex-presidente Dilma Rousseff para regularizar os recursos. A legislação facilitava a repatriação de dinheiro mantido no exterior, fazendo vista grossa para eventuais irregularidades. Para tanto, Hang precisou pagar 15% de imposto, mais 100% de multa sobre o tributo.
O consórcio teve acesso ao “Interim Portfolio Valuation”, documento de 2018 do banco suiço EFG, com citações a investimentos em 178 empresas multinacionais e brasileiras.
Nessa época, dois anos após ter sido regularizada, a offshore tinha US$ 112 milhões, algo em torno de R$ 600 milhões na cotação de hoje.
Questionado pelo ‘Poder 360’, Hang afirmou manter recursos no exterior para se preservar da variação cambial, já que trabalha com importações.
Os documentos mostram também que, embora se declare um nacionalista, Hang manteve a maior parte dos seus recursos investidos em papéis estrangeiros. Do montante total, US$ 43,4 milhões foram emprestados e US$ 69,2 milhões estavam aplicados. Destes, 97% dos estavam investidos eram em papéis de empresas dos Estados Unidos, como Motorola e Netflix, além de Suíça, Inglaterra, Índia e França. Só 2,7% estavam investidos em empresas brasileiras como Natura, Mafrig e Caixa Econômica Federal. Também em nota ao portal, Hang afirmou que, ao longo de 35 anos, fez diversos investimentos no Brasil com suas empresas e gerou empregos.
A série Pandora Papers é resultado do trabalho do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, do qual participam 615 jornalistas de 149 veículos em 117 países.
Luciano Hang é dono da Havan e próximo ao presidente Jair Bolsonaro. Em março deste ano, junto com o empresário Carlos Wizard, anunciou a intenção de comprar 20 milhões de doses de vacina contra o coronavírus no mercado internacional para imunizar funcionários do setor privado, furando a fila do Sistema Único de Saúde (SUS).
Ele entrou na mira da CPI da Pandemia após um dossiê elaborado por médicos da Prevent Senior revelar que a causa da morte de sua mãe foi alterada no atestado de óbito para ocultar a covid-19.
Em seu depoimento confirmou que a mãe, Regina Hang, morreu por coronavírus e tomou remédios do kit covid, ineficazes no combate à doença. A sessão foi marcada por bate-bocas, inclusive com o relator do colegiado, senador Renan Calheiros (MDB-AL).
Antes de comparecer à CPI, Hang postou um vídeo nas redes sociais em que aparece com uma algema e debocha da Comissão. Questionado, ele disse que o objetivo era manter o senso de humor e foi criticado pelos senadores por desrespeitar a dor das vítimas.
Depois de toda a confusão, os senadores pediram a investigação de ataques de robôs às redes sociais dos parlamentares da CPI.
Os senadores ressaltaram que Luciano Hang é investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) por fake news. Em maio desse ano, ele teve os perfis bloqueados por determinação da Corte.
O empresário confirmou também que foi advertido pelo TSE por ter impulsionado postagem durante campanha à presidência de Jair Bolsonaro.
Hang também está sendo processado pelo Ministério Público de Santa Catarina por intimidação de funcionários para que votassem em Bolsonaro ou seriam demitidos. Hang disse que fecharia lojas caso Bolsonaro perdesse a eleição.
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