Em viagem pela Europa, o ex-presidente Lula tem se encontrado com lideranças políticas tratando de temas como cooperação internacional, redução da pobreza e impactos das mudanças climáticas
por Redação em 17/11/21 20:55
Cumprindo um cronograma de viagem pelo continente europeu desde o último dia 11 de novembro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi recebido nesta quarta (17), com protocolos de chefe de estado, pelo presidente da França, Emmanuel Macron. O encontro aconteceu na manhã de hoje no Palácio Eliseu, sede do governo francês. A conversa entre os líderes políticos abordou a cooperação entre os países da Europa e da América Latina, inclusive um debate sobre acordos comerciais, superação da fome e da miséria e os impactos do aquecimento global e das mudanças climáticas.
A França e o Brasil não vivem um momento de relações harmoniosas. Macron tem sido um crítico da política ambiental do governo de Jair Bolsonaro (sem partido), o qual acusou de “ecocídio” e vetou acordos comerciais do país com o Mercosul. Em sua conta no Twitter, o ex-presidente Lula disse que um dos objetivos da viagem à Europa é colaborar para uma mudança na imagem do Brasil no exterior. “Estou viajando para dizer ao mundo que o que o Brasil tem de melhor é o povo brasileiro. O Brasil não se resume a seu atual governante. Essa é a razão da minha viagem. Recuperar a confiança no Brasil”, publicou, pouco antes do encontro com Macron.
Ainda nesta quarta (17), Lula recebeu o prêmio “Coragem Política 2021”, concedido pela revista Politique Internacionale, especializada em política externa.
Na terça (16), o ex-presidente almoçou com a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, do Partido Socialista – primeira mulher a governar a capital francesa, em 2014, e reeleita no ano passado. Hidalgo é considerada uma forte concorrente para as eleições presidenciais na França em 2022. Também na terça, Lula palestrou no Instituto de Estudos Políticos de Paris (Sciences Po), num evento que marcou os 10 anos do título de Doutor Honoris Causa concedido pela instituição ao político brasileiro.
A viagem do ex-presidente Lula à Europa inclui Alemanha, Bélgica e Espanha. A primeira parada do político aconteceu na Alemanha. Lula se encontrou no dia 12 (sexta) por cerca de uma hora com Olaf Scholz, do Partido Social Democrata Alemão (SPD) – vencedor das eleições no país no mês de setembro e que substituirá a chanceler Angela Merkel. O futuro primeiro-ministro negocia a formação do governo com o Partido Verde e o Partido Liberal.
Também teve reunião com o presidente da Fundação Friedrich Ebert e ex-presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz. e com as deputadas do SPD Yasmin Fahimi e Isabel Cademártori, neta de José Cademártori – último ministro da Economia de Salvador Allende, presidente deposto pela ditadura de Augusto Pinochet no Chile, em 1973.
Na Bélgica, o ex-presidente encontrou-se, na chancelaria da União Europeia, em Bruxelas, com o vice-presidente da Comissão Europeia e Alto Representante da União Europeia para Assuntos Externos, Josep Borrel Fontelles. O encontro foi acompanhado pelo ex-chanceler brasileiro Celso Amorim e o ex-ministro Aloizio Mercadante. A conversa girou em torno da conjuntura da América Latina e da União Europeia e sobre a importância da cooperação para construir um mundo multipolar.
O ex-presidente brasileiro foi recebido pela líder da Confederação Sindical Internacional Sharan Leslie Burrow – sindicato que representa mais de 200 milhões de trabalhadores e trabalha em colaboração com a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Eles conversaram sobre as desigualdades sociais no mundo.
Lula participou do Encontro de Alto Nível da América Latina no Parlamento Europeu em Bruxelas e discursou.
“(…) Cerca de 116 milhões de brasileiros, metade da nossa população, vive hoje em situação de insegurança alimentar, de moderada a muito grave. Desses, cerca de 19 milhões, quase duas vezes a população da Bélgica, chegam a passar um dia inteiro sem ter o que comer. Isso está acontecendo no Brasil, que é o terceiro maior produtor mundial de alimentos. E está acontecendo porque o Brasil, que em 2014 saiu do Mapa da Fome da ONU pela primeira vez na história, hoje copia o que o neoliberalismo trouxe de pior ao mundo: alta concentração de renda, baixa geração de empregos, destruição de direitos trabalhistas, desmonte das políticas sociais, ausência do Estado, abandono dos mais pobres à própria sorte. O resultado dessa trágica equação não poderia ser outro: miséria, fome, desesperança”, ressaltou o ex-presidente brasileiro.
Lula ressaltou metas ambientais cumpridas pelo Brasil entre 2004 e 2012 – quando o desmatamento da Amazônia foi reduzido em 80% e as políticas sociais de seu governo e do governo Dilma Rousseff que retiraram 36 milhões de pessoas da situação de extrema pobreza. Ele criticou a atual política ambiental do Brasil e os países ricos – maiores emissores de gases do efeito estufa – por não cumprirem as metas ambientais, e disse que acreditar que um período de ascensão de governos de extrema direita no mundo está chegando ao fim.
“O Brasil voltará a ser uma força positiva no mundo. Voltaremos a ser criadores de políticas públicas capazes de mudar para melhor o nosso planeta. Acreditamos num mundo multipolar. (…) Vamos fortalecer o Mercosul, reconstruir a União de Nações Sul-Americanas, a Unasul, e ampliar nossas parcerias com a União Europeia. Vamos aperfeiçoar os termos do acordo Mercosul-União Europeia. Não queremos uma América Latina voltada exclusivamente para o agronegócio e a mineração. Temos total capacidade de sermos também países industrializados, tecnologicamente avançados”, discursou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi aplaudido de pé.
O ex-presidente concedeu uma entrevista coletiva no Parlamento Europeu, quando negou que esteja discutindo quem será o vice que comporá a chapa numa possível candidatura às eleições a presidência em 2022. A respeito das especulações de que o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin seria esta pessoa, Lula disse que não está discutindo ainda sua candidatura.
“Tenho profundo respeito pelo Alckmin. Eu não estou discutindo vice ainda, porque não discuti a minha candidatura. Quando eu decidir ser candidato eu vou sair a campo para procurar alguém para ser vice”, disse Lula. Geraldo Alckmin deve sair do PSDB num futuro próximo e entre as prováveis legendas que receberão o político está o PSB – que negocia a posição de vice numa chapa com o PT.
Na Espanha, última parada durante esta viagem à Europa, o ex-presidente Lula se reunirá com lideranças políticas e participará de uma conferência. Lula se reunirá com primeiro-ministro Pedro Sánchez, no Palácio da Moncloa, em Madri. Ele participará também do seminário “Cooperação multilateral e recuperação regional pós-Covid-19”, promovida pelo CAF (Common Action Forum), na Casa América. Terá ainda um encontro com a secretária-geral da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), Rebeca Grynspan, e com lideranças de confederações de sindicatos de trabalhadores da Espanha.
Comentários ( 0 )
ComentarMyNews é um canal de jornalismo independente. Nossa missão é levar informação bem apurada, análise de qualidade e diversidade de opiniões para você tomar a melhor decisão.
Copyright © 2022 – Canal MyNews – Todos os direitos reservados. Desenvolvido por Ideia74
Entre no grupo e fique por dentro das noticias!
Grupo do WhatsApp
Utilizamos cookies para oferecer melhor experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar conteúdo.
ACEITAR