Protestos contra o governo Bolsonaro aconteceram em várias cidades brasileiras e em algumas do exterior, neste sábado
por Juliana Cavalcanti em 18/10/21 11:26
RECIFE – Protestos contra o governo Bolsonaro aconteceram em várias cidades brasileiras e em algumas do exterior, neste sábado (24). Organizados por movimentos sociais, centrais sindicais, partidos políticos e entidades da sociedade civil organizada, as manifestações fazem parte da Campanha Nacional Fora Bolsonaro. Esta é a quarta vez que as manifestações acontecem este ano. Outros atos foram realizados em 29 de maio, em 19 de junho e 3 de julho.
Na capital pernambucana, a concentração do ato aconteceu na Praça do Derby, na região central da cidade, e seguiu pela Av. Conde da Boa Vista até a Av. Guararapes – no centro da cidade. Segundo estimativas dos organizadores, o protesto reuniu neste sábado cerca de 30 mil pessoas. Com máscara e seguindo orientações para o distanciamento social, os manifestantes levaram faixas e cartazes que pediam vacina para todos, ampliação do auxílio emergencial e criticavam a condução do governo federal durante a pandemia do novo coronavírus. Muitos manifestantes lembraram as denúncias da CPI da Pandemia de superfaturamento e propina para a compra de vacinas.
Algumas pessoas carregavam cartazes lembrando familiares mortos pela Covid-19 e o total de vítimas da pandemia, que no Brasil já passou de 540 mil pessoas. Entre os que se manifestavam, a estudante de design Maria Isabel Assunção de Mendonça, de 21 anos, carregava um cartaz com a foto do pai – que morreu em 10 de abril, de Covid-19, aos 59 anos.
“Ele era uma pessoa que ainda tinha uma ligação com o presidente Bolsonaro, acreditava que era só uma gripezinha e negligenciou os cuidados. Nos últimos dias (de vida), ele reconheceu a besteira que tinha feito. Sinto revolta, indignação e tristeza. Quando meu pai morreu, ainda não tinha vacina para a faixa etária dele. O Brasil é um país incrível, com mais pessoas inocentes do que burras, que ainda estão acreditando numa pessoa que nunca escondeu quem é, uma pessoa má-fé”, protestou a estudante.
Entre os grupos de pessoas que caminharam durante a manifestação na capital pernambucana, estavam famílias e trabalhadores – servidores públicos, professores, bancários, estudantes, grupos de mulheres, evangélicos, de pessoas LGBTQI+ e diversas entidades da sociedade civil organizada.
Assim como na última manifestação, em 3 de julho, o governo estadual também colocou nas ruas agentes de conciliação – responsáveis por dialogar com a polícia e com os manifestantes, caso fosse necessário. A iniciativa aconteceu depois que a Polícia Militar de Pernambuco atirou bombas de efeito moral e balas de borracha contra os manifestantes que participavam do ato do dia 29 de maio, quando duas pessoas foram atingidas nos olhos e acabaram perdendo a visão.
Em Pernambuco, protestos foram realizados também em mais 10 cidades do interior, nas várias regiões do estado.
O senador Humberto Costa (PT/PE) esteve presente no ato no Recife e avaliou se existe a possibilidade de avançar no Congresso Nacional um dos pedidos de impeachment que já foram protocolados. Ele falou sobre o trabalho da CPI da Pandemia – que deve retomar os depoimentos no mês de agosto.
“Acredito que a pressão popular pode demonstrar como a população está insatisfeita com a condução do Brasil neste momento e enfraquecer a base de apoio ao governo no Congresso Nacional. O que temos visto na CPI é a comprovação da corrupção, da negociata na compra de vacinas e de outros insumos. Acho que é o ponto crucial agora e nós vamos avançar sobre ele. Nossos assessores estão analisando todo o material que recebemos, analisando sigilo fiscal, bancário, telefônico; avaliando os documentos que recebemos e fazendo os cruzamentos para que a gente possa, no retorno dos trabalhos, ter várias outras linhas de investigação avançadas”, explicou o senador, que está responsável por três grupos de trabalho de análise de documentos.
No Quarta Chamada desta semana, o senador Alessandro Vieira (Cidadania/SE) falou sobre os trabalhos durante o recesso parlamentar e adiantou que a CPI não deve ter um relatório preliminar. “A gente quer garantir um relatório que faça sentido. Não quer uma coisa que seja só política. A gente tem que fazer esse ‘match’ entre os fatos que já estão provados e condutas previstas criminalmente. E são várias”, ressaltou.
Segundo Humberto Costa, a CPI está atenta também aos casos de falsos testemunhos ocorridos nos depoimentos à CPI. Ele ressaltou que após a elaboração do relatório final, a CPI encaminhará as denúncias para que os que mentiram sejam indiciados. “Quando nós fizermos o processo de elaboração do relatório, com certeza vamos indiciar todas essas pessoas, exatamente por terem tido esse comportamento. Vamos fazer o indiciamento e encaminhar ao Ministério Público e à Justiça, para que essas pessoas sejam processadas por falso testemunho”, finalizou.
Em São Paulo, a manifestação do Fora Bolsonaro começou a concentração às 15h, em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), seguindo em direção à Praça Roosevelt. Os manifestantes fecharam a Av. Paulista. O ato foi marcado por forte presença de partidos de esquerda e centrais sindicais. Apesar do uso de máscara, houve muita aglomeração.
No Rio de Janeiro, o protesto aconteceu também no centro da cidade, na manhã de hoje. Os organizadores falam em 75 mil pessoas presentes no ato, que seguiu sem incidentes pelas ruas do centro da cidade e também contou com a participação de políticos e artistas.
Os protestos também aconteceram nas seguintes capitais: João Pessoa, Salvador, Maceió, São Luís, Teresina, Palmas, Belém, Campo Grande, Goiania, Cuiabá, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, Belo Horizonte, Vitória, Boa Vista e Porto Velho; e em cidades do exterior – incluindo Tóquio, no Japão, onde estão sendo realizados os Jogos Olímpicos.
Comentários ( 0 )
ComentarEntre no grupo e fique por dentro das noticias!
Grupo do WhatsApp
Utilizamos cookies para oferecer melhor experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar conteúdo.
ACEITAR