‘Não é um gringo que vai dar ordem a este presidente’, diz Lula sobre Trump Presidente Lula em evento da União Nacional dos Estudantes (UNE) | Foto: Ricardo Stuckert/PR

‘Não é um gringo que vai dar ordem a este presidente’, diz Lula sobre Trump

Sem dar detalhes, presidente também falou em cobrar imposto ‘das empresas americanas digitais’

O presidente Lula (PT) voltou a criticar o presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, por anunciar uma taxação de 50% sobre as exportações brasileiras e disse que não é um “gringo” que vai dar ordens para ele. As declarações foram dadas no 60º Congresso da União Nacional dos Estudantes, em Goiânia.

“Eu estou muito tranquilo. Eu sou jogador de truco. Quando o cara truca, a gente tem que escolher: eu corro ou eu grito ‘seis’ na orelha dele. Então, eu estou jogando. O Brasil gosta de negociação. O Brasil respeita a negociação. O Brasil respeita o diálogo. O Brasil não tem contencioso com nenhum país”, declarou.

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Lula comparou a briga de Trump com o Brasil com sua história no sindicalismo: “Aquele sindicalista covarde, começa uma greve, mas ele não tem coragem de parar. Ele não tem coragem de reconhecer quando a coisa está ruim. Ele não tem coragem de dizer, porque como ele falou muita bobagem ao começar a greve, ele não tem coragem de voltar atrás”.

O presidente disse que o Brasil é defensor do multilateralismo, porque permitiu que, depois da Segunda Guerra Mundial, “os estados pudessem viver mais ou menos em harmonia, com respeito à soberania de cada estado. Nada é conseguido na marra, mas tudo é conseguido com uma boa conversa”, enfatizou.

Bolsonaro e questões internas

Lula criticou o fato de Trump associar a taxação à ação penal em que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é réu no Supremo Tribunal Federal: “A primeira coisa é que nós não aceitamos que ninguém, ninguém de nenhum país, se meta nos nossos problemas internos, que é dos brasileiros.”

Ele destacou que é a primeira vez que o Brasil tem generais quatro estrelas preso, como o caso de Walter Braga Netto, que foi vice na chapa derrotada de Bolsonaro. “E não estão presos à toa. Estão presos porque tentaram dar um golpe, inclusive com insinuações de que era preciso matar o Lula, matar o Alexandre de Moraes e matar o meu vice”, declarou.

“Essa gente vai ser julgada. Não vai ser julgada porque o Lula quer que eles sejam julgados, eu não sou juiz. Vai ser julgada porque eles mesmos se autodelataram. E quem está julgando eles são os ministros da Suprema Corte com base nos autos do processo”, continuou o petista.

O presidente ainda disse que, se Trump morasse no Brasil e tentasse fazer aqui o que ele fez no Capitólio, certamente também estaria julgado e poderia ser preso: “A bandeira verde e amarela vai voltar a ser do povo brasileiro. O Bolsonaro que se abrace na bandeira americana, transfira seu título para lá e vá votar lá, porque aqui, aqui quem manda, aqui quem manda somos nós brasileiros.”

Imposto de empresas americanas digitais

Sem dar detalhes, Lula falou em cobrar imposto “das empresas americanas digitais”. Ele disse que Donald Trump pontou não querer que as empresas de plataforma dos EUA sejam cobradas no Brasil: “Eu queria dizer para vocês que a gente vai julgar e vai cobrar imposto das empresas americanas digitais.”

“Nós não aceitamos que em nome da liberdade de expressão você fica utilizando para fazer agressão, para fazer mentira, para prejudicar, violência contra a criança, ódio entre as crianças, violência contra as mulheres, violência contra os negros, violência contra LGBTQIA+, ou seja, tudo que é tipo de violência aqui a gente não vai permitir, porque o dono do Brasil é o povo brasileiro”, destacou.

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