Necropolítica no governo Bolsonaro: a polêmica do coração de Dom Pedro I

Coração de D. Pedro I. — Foto: Guilherme Costa Oliveira/ Câmara Municipal do Porto

Nunca se falou tanto em necropolítica no Brasil quanto nos últimos dias, com a vinda do coração de Dom Pedro I, emprestado de Portugal para o Brasil, para uma exposição pelo bicentenário da Independência, no Palácio do Itamaraty, até 5 de setembro. Conservado em formol há 187 anos, o órgão – que fica na cidade do Porto – chegou em Brasília nesta segunda-feira (22) em uma aeronave VC-99, do Grupo de Transporte Especial (GTE) da Força Aérea Brasileira (FAB).

O Ministério das Relações Exteriores não divulgou os custos da translação, o que levantou muitas polêmicas a respeito de uma necropolítica no governo Bolsonaro. Para comentar o assunto, Myrian Clark recebeu no Almoço do MyNews o jornalista Luiz Carlos Azedo, do Correio Braziliense.

“Uso a expressão ‘necropolítica’ porque, se formos pensar no governo de Jair Bolsonaro em relação à vida e à morte, ele é mórbido. Não teve nenhuma empatia com as centenas de milhares de pessoas que morreram pela Covid-19 durante a pandemia. Tem uma política de segurança pública que aposta na justiça pelas próprias mãos, comemora operações sumárias em que a polícia mata muitos inocentes”, disse Luiz na conversa com Myrian.

“Ele tem uma relação com a morte que é a relação de um militar que foi treinado pra matar e não observa um limite para a própria doutrina. Ele faz uma necropolítica e essa comemoração do 7 de setembro, cujo destaque é a exposição do coração de Dom Pedro I, é uma coisa muito mórbida. Sem falar que, na conjuntura atual, é um país que comemora o bicentenário da Independência e não tem projeto de futuro, está prisioneiro do passado”.