Especialista vê desserviço em novas declarações do presidente sobre vacinas
por Rodrigo Borges Delfim em 25/12/20 13:22
A vacinação contra a Covid-19 começa a chegar à América Latina. Chile, México e Costa Rica são os primeiros países da região a iniciar a imunização de suas populações. Um processo que ainda parece distante no Brasil.
Na última semana, o país viu o adiamento do anúncio dos resultados dos testes com a CoronaVac, imunizante desenvolvido pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan — uma das referências na produção de vacinas no Brasil.
A CoronaVac também deve ser utilizada na Turquia, que anunciou uma eficácia de 91,25%. As autoridades sanitárias paulistas admitem que a vacina não atingiu o mesmo nível no Brasil. No entanto, reforçam que o imunizante tem eficácia e segurança suficientes para solicitação de uso emergencial no país.
O imunologista Gustavo Cabral, pesquisador da Fapesp e da USP, não é usual uma vacina alcançar esse nível de eficácia. No entanto, ele descarta alarde para o caso do imunizante não alcançar esse patamar tão alto quanto o anunciado pelas autoridades turcas.
“Se essa vacina chegar a 70% [de eficácia] vai ser uma maravilha para nós. Ela [a CoronaVac] caberia perfeitamente no programa nacional de imunização”, disse Cabral durante o Almoço do MyNews desta sexta-feira (25).
O imunologista também destaca que a tecnologia usada para desenvolvimento da vacina, por ser bastante conhecida, permite vislumbrar com maior facilidade as perspectivas de médio e longo prazo de sua utilização. A CoronaVac é feita a partir de uma versão inativada do vírus — dessa forma, o corpo humano já é capaz de produzir anticorpos para se defender do agente invasor.
“Ela nos dá uma certa tranquilidade para utilizar no Brasil, e por ser uma estratégia conhecida, permite traçar estratégias a curto, médio e longo prazo”.
Cabral também comentou uma nova declaração do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), cuja postura diante da pandemia e das ações de combate à Covid-19 é alvo de críticas dentro e fora do Brasil.
“Quero deixar bem claro que na bula dessa vacina vai estar ‘não nos responsabilizamos por qualquer efeito colateral’. A adesão é sua. Aí se fala do termo de responsabilidade. Tem gente que quer que eu baixe uma medida provisória e diga que a responsabilidade é minha, do governo federal. Não vou assinar isso”, disse o presidente durante live na última quinta-feira (24).
O especialista vê um grande desserviço na fala do presidente. “Vir a público um presidente falar que não tem responsabilidade, isso realmente assusta, como cidadão e como pesquisador”.
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