Suely Araújo afirma que Governo Federal enxerga as regras ambientais como “problemas a serem afastados”
por Fernanda Oening em 07/05/21 12:21
Mais de 400 servidores de carreira do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) assinaram um ofício denunciando a paralisação de todas as atividades de fiscalização de infrações ambientais. Segundo os fiscais, na prática, a nova regra estabelecida pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, inviabiliza o combate ao desmatamento. A determinação foi publicada no dia 14 de abril e define que só sejam autorizadas sanções ambientais, depois que elas passem pela análise de um supervisor. Os fiscais afirmam que essa mudança cria uma figura parecida com a de um censor e que prejudica ações de combate a crimes ambientais.
Para Suely Araújo, especialista sênior em políticas públicas do Observatório do Clima e ex-presidente do Ibama, essa medida é um “desrespeito” com os fiscais. “Esse controle será feito, provavelmente, por indicados políticos. Eles estão afastando aqueles que sempre fizeram isso, que são concursados e que estão lá, independente do Governo de plantão”.
A ação aconteceu às vésperas da Cúpula do Clima, que começa nesta quinta-feira (22) e conta com a participação dos chefes de Estado e de Governo, dos 40 países mais poluidores do planeta. Suely Araújo está “descrente” sobre a postura do governo brasileiro.
“Espera-se muito pouco em termos de medidas concretas do Governo brasileiro. Tanto o presidente da República quanto o ministro do Meio Ambiente atenuaram nos últimos dias o discurso anti-ambiental que é característico deles. Mas, na prática, sabemos que a política ambiental do governo Bolsonaro não irá mudar porque na percepção deles as regras ambientais, a política ambiental, são problemas a serem afastados. Eles enxergam a parte regulatória da política ambiental, a parte de fiscalização, como um entrave aos interesses da visão de setor produtivo que eles têm na cabeça. Porque, atualmente, nem o setor produtivo que trabalha na legalidade está apoiando este tipo de posicionamento, que vai contra tudo o que se construiu na política ambiental nas últimas quatro décadas”.
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