Em documento enviado à PGR, o ministro do Meio Ambiente afirma que acatou pedido do ministro-chefe da Casa Civil para se reunir com madeireiros
por Sara Goldschmidt em 04/06/21 13:00
E ontem o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, voltou às manchetes. E dividiu os holofotes com o ministro-chefe da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos. Em esclarecimentos à Procuradoria Geral da República (PGR) no início de maio – e que vieram à tona nesta quinta-feira (03) -, Salles afirmou que a reunião com madeireiros promovida no mês de março para discutir a maior apreensão de madeira no Brasil foi um pedido de Ramos, que na época estava no comando da Secretaria de Governo da Presidência da República.
Após as informações fornecidas pelo ministro do Meio Ambiente, a PGR decidiu pela abertura de inquérito contra ele, autorizado nesta quarta-feira (02) pela ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia. No documento, Ricardo Salles afirma que atuou com “espírito público” nas reuniões realizadas com o setor e nas viagens feitas à Amazônia para verificar a situação do desmatamento ilegal. Diz ainda que atuou dentro da lei e que a posição tomada tanto pelo Ministério quanto pelos participantes foi no sentido de haver uma resposta rápida, seja pela legalidade ou mesmo pela ilegalidade. Já Ramos justificou que como Secretário de Governo à época, responsável pela articulação política, cabia a ele viabilizar audiências com representantes do governo.
A suspeita do inquérito é que Salles agiu para dificultar as investigações e favorecer os madeireiros. É a primeira vez que outro ministro é citado dentro das investigações contra Ricardo Salles, mas a PGR não apontou nenhum indício de irregularidade envolvendo Ramos ou outras autoridades públicas participantes da reunião.
O material juntado pela PGR integra o inquérito aberto pela ministra Cármen Lúcia para investigar Salles e o presidente afastado do Ibama, Eduardo Bim, acusados pelo delegado Alexandre Saraiva, ex-chefe da PF na Amazônia, de dificultar a fiscalização ambiental.
Mas tem mais polêmica envolvendo o ministro do Meio Ambiente: sob determinação de Ricardo Salles, a Superintendência apresentou uma agenda com nada menos que 2.838 multas ambientais para passarem por processos de conciliação, etapa em que os agentes tentam chegar a um acordo com o autor da infração. A questão é prazo e pessoal treinado para isso.
Conforme o cronograma, todas as audiências, sejam virtuais ou presenciais, devem ocorrer entre os dias 11 de junho e 20 de agosto. Em alguns estados, haveria apenas uma semana para executar todo o trabalho. Pressionados, diversos funcionários do Ibama e do Instituto Chico Mendes de Biodversidade (ICMBio) já solicitaram até a dispensa desses cargos, sob risco de serem alvo de processos disciplinares internos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
O ministério do Meio Ambiente e o Ibama não explicaram o critério para selecionar os 2.838 casos.
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