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Política

Desmatamento ilegal

Salles não pode “duvidar” da PF e “ficar do lado dos madeireiros”, diz ambientalista

Membro do Observatório do Clima questiona ação do ministro do Meio Ambiente

por Luciana Tortorello em 06/04/21 12:55

A maior apreensão de madeira da história do Brasil é motivo de desentendimento entre o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o delegado da Polícia Federal (PF) Alexandre Saraiva. Enquanto Salles afirma que há erros na operação que fez a apreensão, Saraiva, que é coordenador da PF no Amazonas, questiona a legalidade da madeira.

O Almoço do MyNews recebeu dois pesquisadores para repercutir o assunto. Professora da Universidade Federal do Pará (UFPA), Claudia Azevedo-Ramos diz que a falta de entendimento entre os órgãos de fiscalização e o governo afasta madeireiros e empresas que querem fazer uma extração legal.

“Atualmente, nós estamos numa situação de aumento de exploração ilegal de madeira, como a gente não via há décadas. Existem estimativas de aumento de 70% até 90%, e isso é muito variável, já que estamos falando de ilegalidade. Esse tipo de operação é muito importante para dar espaço àqueles que querem fazer legal, de não estarem competindo com uma madeira que é muito mais barata e vem justamente de áreas que podem ser de florestas públicas”, pontua a professora e pesquisadora do Núcleo de Altos Estudos da Amazônia.

Azevedo-Ramos destaca que existe um golpe em que madeireiros conseguem “esquentar” árvores vindas de desmatamento ilegal por meio da fraude de documentos. “Você tira a madeira ilegalmente e esquenta, para dar pra ela uma fantasia de legalidade, porque ela viria de uma área de manejo aprovado”.

Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente
Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente. Foto: José Cruz (Agência Brasil)

Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima, lembra que nos últimos dois anos, o governo tem criticado grupos e organizações que cuidam e preservam o meio ambiente e que isso traz mais conforto e tranquilidade aos grupos ilegais que estão na Amazônia.

“O governo já criticou fiscais do Ibama, fiscais do ICMBio, ambientalistas, comunidades tradicionais, indígenas, até dados de satélite e cientistas. Mas nunca vai achar críticas a madeireiro ilegal, por exemplo. Nunca vai achar Salles dizendo que estão empenhados ou traçando um plano para sufocar a ilegalidade na Amazônia, muito pelo contrário, os atos do governo trazem conforto cada vez maior para a ilegalidade”, critica Astrini.

O membro do Observatório do Clima destaca que Salles não pode questionar uma ação da própria PF.

“Ele [Ricardo Slles] não pode simplesmente vestir o seu jalequinho de safári e ir para o meio de uma apreensão duvidar da Polícia Federal e ficar do lado dos madeireiros, ainda mais sabendo que a grande maioria da madeira na Amazônia ela é infelizmente retirada de forma irregular, ilegal. Como que um ministro sai do seu gabinete, sabendo de todo esse grau de ilegalidade, vai para uma apreensão duvidar da coleta de informações e causar tumultos na operação da Polícia Federal?”

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