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QUARTA CHAMADA

Santos Cruz: discurso tem sido irresponsável e coloca a sociedade sob tensão

Para general discurso tem que ser responsável e manifestações devem acontecer dentro dos limites da lei. Santos Cruz admitiu que vai se filiar a um partido político e deve sair candidato em 2022

por Juliana Cavalcanti em 18/10/21 11:00

O general Carlos Alberto dos Santos Cruz avalia o momento atual de tensão em torno das manifestações marcadas para o próximo dia 7 de setembro como fruto de uma irresponsabilidade nos discursos do presidente Jair Bolsonaro. Na avaliação de Santos Cruz, as manifestações são válidas, dentro dos limites da lei, mas não é aceitável o “palavreado irresponsável” que tem sido utilizado para chamar para os atos.

“O discurso tem sido irresponsável e se agravou um pouco. Esse negócio de dizer ‘vamos lutar pela nossa liberdade’, vamos lutar contra quem? A luta pela liberdade é trabalhar pela paz social, pela união, pela compreensão, por emprego, por melhoria do serviço público e pela educação, e não ficar com palavreado irresponsável, gerando tensões que ninguém sabe. Liberdade de expressão e de opinião, não tem problema nenhum, só que estão criando uma questão como se fosse o dia da justiça, da revolução, da Independência do Brasil. Recebi no whatsapp uma foto do presidente com um cavalo baio, como se fosse o Marechal Deodoro, na Proclamação da República. Estão falando em nova independência com uma imagem que remete à proclamação da República”, argumentou o general Santos Cruz, em entrevista ao programa Quarta Chamada, do Canal MyNews, destacando que os discursos precisam ser responsáveis.

“Discute-se golpe e fechamento de instituições. Ninguém vai fechar coisa nenhuma. A irresponsabilidade está ganhando muito espaço; não só na internet, com as contas falsas, mas com o palavreado. Essa história de dizer que um cabo e um soldado fecham o STF, tem que ser o cabo, o soltado e quem deu a ideia, que tem que ir na frente, para se responsabilizar. Quem deu a ideia que vá na frente. Quem disse pra todo mundo comprar fuzil que dê o primeiro tiro. O discurso tem que ser responsável, não pode ser irresponsável”, completou o general.

Durante o Quarta Chamada, Santos Cruz afirmou que não pode falar pelo conjunto das Forças Armadas, mas, por ter servido ao Exército por 47 anos, sabe a cultura que existe na instituição. “É uma posição institucional sólida e não acredito que vai apoiar qualquer tentativa de fazer alguma coisa fora da legislação. Ninguém vai comprometer sua carreira e uma instituição por um desejo pessoal, num país em que não está acontecendo nada. É só governar. As eleições aconteceram, as pessoas votaram. O problema é que entramos num frenesi de maluquice; mas na vida real está todo mundo trabalhando, batalhando normalmente pela vida”, continuou.

General Santos Cruz admite que deve se filiar a um partido e ser candidato em 2022

Considerado uma liderança entre os militares da ativa e de militares jovens, o general Carlos Alberto dos Santos Cruz admitiu que pode se candidatar a algum cargo político nas eleições do ano que vem. Na sua visão, tanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), quanto o atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido) representam um atraso para o país. O general aposta na formação de uma terceira para as eleições do ano que vem, mas não quis dizer a qual cargo pode concorrer.

“De um lado, o ex-presidente Lula – que teve quatro mandatos, se desgastou por uma série de razões e escândalos. E subiu um novo governo, que é o caso do presidente Bolsonaro, que como todo governo novo vem com esperança, expectativa, legitimidade para fazer uma boa administração, mas se perde desde o início com um pequeno grupo de extremistas completamente desmiolado. Gente de baixíssimo nível, escrevendo barbaridades na internet. Então, não dá pra continuar. Acho um retrocesso de 20 anos a reeleição do ex-presidente Lula e acho um retrocesso de mais 20 anos pra frente a continuidade do atual presidente, que não está aproveitando a oportunidade”, afirmou.

Para o general Santos Cruz, Bolsonaro está destruindo a possibilidade de a direita governar o país. “Se a direita achava que era uma possibilidade, ele está destruindo totalmente essa possibilidade. Ele não representa direita nenhuma. Não é representação de nada. [É a representação] de extremismo e extremismo não é representação de nada”, continuou.

Santos Cruz admitiu que tem conversado com diversos partidos e que já foi convidado a se filiar ao MDB, ao PSL e ao Podemos – mas ainda não decidiu qual será o seu futuro político-partidário. “Só vou ver depois que eu me filiar ao partido, porque os partidos também têm suas estratégias. Não sou nenhum cacique político para me filiar a um partido e dizer tudo o que quero fazer. Os partidos têm as estratégias, para bancada de deputados e senadores, presidência e vice-presidência, e ver qual é a melhor composição”, destacou.

Veja a íntegra do Quarta Chamada, no Canal MyNews, que teve como convidado especial o general Carlos Alberto dos Santos Cruz

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