No evento, Bolsonaro disse que vacina será gratuita e “voluntária”
por Rodrigo Borges Delfim em 16/12/20 21:42
Atualizado às 21h00 de 16.dez.2020
O governo federal anunciou oficialmente nesta quarta-feira (16) o plano nacional de imunização contra a Covid-19, adiantado no último sábado ao Supremo Tribunal Federal (STF). O evento contou com a presença do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Ao falar do plano, Pazuello questionou “ansiedade” e “angústia” sobre a vacinação e exaltou o papel da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
“Vamos levantar a cabeça. Acreditem. O povo brasileiro tem capacidade de ter o maior sistema único de saúde do mundo, de ter o maior programa nacional de imunização do mundo, nós somos os maiores fabricantes de vacinas da América Latina. Pra que essa ansiedade, essa angústia? Somos referência na América Latina e estamos trabalhando”, afirmou.
O ministro também indicou que serão priorizadas vacinas produzidas no Brasil, como pelo Instituto Butantan [de São Paulo] e pela Fiocruz [no Rio de Janeiro]. Esses devem ser responsáveis, respectivamente, pelas vacinas desenvolvidas por Sinovac [a chamada Coronavac] e Astra/Zeneca.
De acordo com o plano, a vacinação no Brasil deve ser concluída em um prazo de 16 meses – sendo os quatro primeiro para imunizar os grupos considerados prioritários e os 12 seguintes para a “população em geral”.
Pressionado pelo Supremo a informar uma data de início do plano de imunização, o governo informou que ela começa em até 5 dias após a liberação da vacina pela Anvisa e entrega dos primeiros lotes.
“Esse cronograma depende de registro. Eu tenho de falar em hipóteses. Temos mais de 200 milhões de doses negociadas, Temos previsão de assinatura de MP [medida provisória] ainda nesta semana de R$ 20 bilhões”, disse Pazuello.
Após o evento, Pazuello disse a jornalistas que o cronograma do início da vacinação é “meados de fevereiro”.
Também presente ao evento, Bolsonaro disse que, se alguém tomou alguma atitude exagerada durante a pandemia, foi no “afã de encontrar uma solução”.
A fala contrasta com as posturas adotadas pelo próprio presidente desde o começo da pandemia, crítico de ações como isolamento social e fechamento do comércio para barrar o vírus.
“Estamos tratando de vidas. Temos uma agência nacional de vigilância sanitária que sempre foi referência para todos nós, que continua tendo uma participação fundamental na decisão de qual vacina deve ser apresentada de forma gratuita e voluntária para todos os brasileiros”, prossegue Bolsonaro.
Por outro lado, o próprio presidente disse em entrevista ao jornalista José Luiz Datena na terça-feira (15) que não vai tomar a vacina.
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B) comentou o plano apresentado pelo governo durante o Almoço do MyNews desta quarta-feira.
Dino recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para garantir que o Maranhão possa, eventualmente, comprar imunizantes de forma independente, caso haja problemas com o plano federal.
“É uma espécie de ação de segurança, para garantir que possamos avançar mais rápido e prevenir eventuais retardamentos no plano nacional”.
Além do plano anunciado nesta quarta-feira, o governo federal abriu edital no Diário Oficial da União para compra de um total de 330 milhões de seringas e agulhas para vacinação contra a Covid-19. As propostas devem ser feitas até o próximo dia 29 de dezembro.
Empresas que produzem seringas e agulhas alertam para o risco de falta desses materiais, uma vez que até então não havia uma sinalização clara do governo federal para uma compra centralizada.
O temor é de que a falta de um planejamento conjunto entre os estados e o governo federal leve a um desequilíbrio da oferta das seringas no país, causando uma espécie de corrida pelo material.
O início da imunização é um evento bastante aguardado pelo mercado, uma vez que é considerado um parâmetro de quando a economia pode retomar um ritmo ao menos próximo do registrado antes da pandemia.
Para Wagner Salaverry, sócio e gestor de renda variável da Quantitas, é preciso iniciar o quanto antes a vacinação da população e que os planos de imunização sejam claros. Em entrevista ao Morning Call desta quarta, ele ainda criticou a polarização criada em torno da vacina.
“Quando você coloca em xeque se é segura ou não [a vacina], você já transmite uma informação muito ruim para a população. Um plano de vacinação que é incerto, desqualificado pelo próprio governo federal do ponto de vista da sua eficácia e necessidade e obrigatoriedade, e ainda demorando para acontecer, você acaba diminuindo a chance de termos um ano de 2021 cm o PIB crescendo mais.
Comentários ( 0 )
ComentarMyNews é um canal de jornalismo independente. Nossa missão é levar informação bem apurada, análise de qualidade e diversidade de opiniões para você tomar a melhor decisão.
Copyright © 2022 – Canal MyNews – Todos os direitos reservados. Desenvolvido por Ideia74
Entre no grupo e fique por dentro das noticias!
Grupo do WhatsApp
Utilizamos cookies para oferecer melhor experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar conteúdo.
ACEITAR