Em entrevista à CNN, o ex-ministro da Educação apontou que o presidente pediu que o centrão administrasse recursos da pasta. Weintraub, no entanto, não culpa Bolsonaro pelos recentes escândalos no MEC.
por Redação em 13/04/22 11:35
Abraham Weintraub era um dos principais representates da ala ideológica/olavista do governo. Deixou o MEC em 2020 após diversas polêmicas à frente da pasta. Hoje é pré-candidato ao governo de São Paulo pelo partido Brasil 35. Foto: Marcelo Camargo (Agência Brasil)
Em entrevista à CNN, o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (PL) exigiu que ele entregasse o comando do Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação (FNDE), que é gerenciado pelo MEC, nas mãos do centrão.
LEIA TAMBÉM:
Segundo Weintraub, Bolsonaro fez o pedido em março de 2020, mas a transição do comando só foi concretizada em junho daquele ano, quando a nomeação de Marcelo Lopes da Ponte como presidente do FNDE foi publicada no Diário Oficial da União.
Lopes foi chefe de gabinete de Ciro Nogueira, atual ministro da Casa Civil e presidente do Progressistas, um dos partidos que compõem o centrão.
Apesar de citar Bolsonaro, Weintraub culpou o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Eduardo Ramos, pela aliança entre o governo federal e o grupo político. Segundo o ex-ministro, depois que Ramos convenceu Bolsonaro da necessidade do acordo com o centrão, a ala conservadora do governo foi expulsa.
À CNN, o ex-ministro disse ainda que antes do cumprimento da ordem de Jair Bolsonaro, ele tentou articular subterfúgios para que o FNDE fosse mais independente do Ministério da Educação. Uma dessas ideias era a de que o órgão ficasse sob a governança da Casa Civil e do Ministério da Economia. Mas o general Braga Netto, que na época era o titular da Casa Civil, não concordou.
Apesar de ter afirmado que as portas do governo federal ao centrão foram abertas por Bolsonaro, Weintraub isentou o presidente da culpa por eventuais irregularidades no Ministério da Educação.
“Não está difícil de ver se aconteceu alguma coisa de errado, eu não acho que o presidente esteja envolvido nisso, mas ele deixou entrar gente errada dentro do governo. E essas pessoas erradas que aprontaram no passado, acho que tem uma probabilidade alta de terem aprontado de novo, mas para ser justo, eu sou a favor de sempre ser justo, então vamos investigar, vamos. Mas vamos investigar coisas também mais graves como essa daqui”, declarou Weintraub.
As “coisas mais graves” citadas por Weintraub se referem às suspeitas do ex-ministro de que aconteceram irregularidades na impressão de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ainda no governo do PT, na gestão de Fernando Haddad na pasta.
Weintraub disse que entregou documentos à Polícia Federal e ao Ministério Público que corroboram essas suspeitas, que vão desde livros didáticos com o preço errado a problemas na gráfica que imprimiu os livros.
O ex-ministro não foi o único que fez acusações sobre supostas irregularidades no MEC durante o governo petista. Outra pessoa falou sobre o tema: o presidente do FNDE, apontado como o representante do centrão no MEC, Marcelo Lopes da Ponte. Ele compareceu no início de abril à Comissão de Educação do Senado e prestou depoimento sobre as denúncias de corrupção no Ministério da Educação, envolvendo os pastores Gilmar dos Santos e Arilton Moura.
Ponte negou seu envolvimento de colaboradores do fundo no caso, e acabou falando sobre outra suspeita de corrupção no MEC, mas durante governos anteriores ao do presidente Jair Bolsonaro. Ele comentou sobre obras financiadas com os recursos do fundo, entre 2006 e 2018, e que até 2021 não haviam sido finalizadas. O presidente do FNDE citou o atraso de cerca de duas mil obras de instituições de ensino, como escolas e creches.
E é com base neste depoimento do presidente do FNDE que senadores governistas querem agora a CPI de obras inacabadas do PT. E eles já conseguiram 28 assinaturas para a criação da comissão. O autor do pedido é o líder do PL no Senado, Carlos Portinho (RJ), que já apresentou formalmente o documento à presidência da casa.
Agora a decisão está nas mãos do presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que tenta evitar por meio de articulações com parlamentares a implantação desta CPI e a do gabinete paralelo, proposta pela oposição.
Confira essa e outras notícias no Café do MyNews desta quarta-feira (13):
Comentários ( 0 )
ComentarMyNews é um canal de jornalismo independente. Nossa missão é levar informação bem apurada, análise de qualidade e diversidade de opiniões para você tomar a melhor decisão.
Copyright © 2022 – Canal MyNews – Todos os direitos reservados. Desenvolvido por Ideia74
Entre no grupo e fique por dentro das noticias!
Grupo do WhatsApp
Utilizamos cookies para oferecer melhor experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar conteúdo.
ACEITAR