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Paulo Totti

Desta vez nas urnas

Moro ajuda Lula

Menos de dois anos depois, Lula e Moro (Podemos) enfrentam-se novamente. Agora, o confronto será nas urnas

por Paulo Totti em 27/01/22 16:52

Na noite de 7 de abril de 2018, o g1, portal da Rede Globo, registrava assim a prisão de Lula (PT) em São Bernardo do Campo: “O ex-presidente saiu a pé da sede do sindicato às 18h42 e caminhou até um prédio próximo, onde equipes da PF o aguardavam. Ele entrou no carro da PF às 18h47. A saída teve de ser feita dessa maneira porque, às 17h, Lula tentou sair de carro, mas foi impedido pela militância. O comboio seguiu por vias de São Bernardo e de São Paulo até a Superintendência da Polícia Federal, na Lapa, Zona Oeste (da capital do estado), onde chegou às 19h44”.

Médicos do IML realizaram o exame de corpo delito e um helicóptero da Polícia Militar levou Lula ao Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul. Prossegue o g1: “O monomotor turboélice, de pequeno porte, prefixo PR-AAC, pertencente à própria PF, decolou com Lula às 20h46 e chegou a Curitiba às 22h01”.

Em Curitiba, na mesma noite, o juiz da 13ª Vara Federal, Sergio Fernando Moro, ligou para Deltan Dallagnol: “Já está na PF de Curitiba. Preso. Parabéns”. Respondeu o chefe dos procuradores da PGR: “Parabéns a você”. (Diálogo colhido entre as probabilidades comprováveis)

Mora condenara o ex-líder metalúrgico a 12 anos e 11 meses de prisão – caso do triplex de Guarujá – , sentença confirmada pela corte de segunda instância – o TRF4, em Porto Alegre – e perdia o direito de concorrer à presidência seis meses adiante.

Passados 580 dias, todas Tvs e rádios noticiaram que, às 17h34 de 8 de novembro de 2019, uma sexta-feira, Lula saiu livre da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, No dia anterior, o Supremo Tribunal Federal considerara inconstitucionais as prisões sem processo inteiramente passado em julgado.

Menos de dois anos depois, Lula e Moro (Podemos) enfrentam-se novamente. Desta vez, o paranaense de Maringá já não mais veste toga e a “sublime convicção” não lhe será suficiente para enviar o ex-sertanejo de Garanhuns de volta ao mundo dos excluídos.

Colocados ambos na posição de igualdade, o pernambucano saltou na liderança das pesquisas, e mais, o paranaense vai ajudá-lo a chegar com mais facilidade ao Palácio do Planalto. A vida e a política oferecem-nos irônicas surpresas.

Se não, vejamos. O principal adversário de Lula é Jair Bolsonaro (hoie no PL). Ambos são os contendores do segundo turno. Moro, se continuar à frente do pelotão dos menos votados Ciro Gomes (PDT), João Dória (PSDB), Simone Tebet (MDB), Rodrigo. Pacheco (PSD), terá de crescer muito para derrotar pelo menos um dos favoritos no primeiro turno. Bolsonaro é o que lhe está mais próximo. É o adversário a ser batido. Bolsonaro e Moro já estiveram juntos, têm aproximação no que reverenciam e também no que detestam. Mas um conseguirá sobreviver com o que abocanhar do prato eleitoral do outro ou não deixar o outro desfalcar o seu. Moro, por enquanto, tem menos força que Bolsonaro, é estreante nessa guerra sem quartel e sem escrúpulos, dificilmente vencerá, mas na derrota levará o consolo dos votos que poderão faltar a Bolsonaro para competir com Lula, desde agora decidido a levar Geraldo Alckmin como companheiro. Lula já percebeu o involuntário papel de Moro e se verá que, em breve, os ataques petistas a Moro não serão tantos nem tão ácidos. Este é um cenário da eleição antevista com a distância de sete meses e pouco.

Há outro caminho a ser tentado por Moro. O ex-juiz pode encontrar acolhida no oferecimento que fez para candidatar-se pelo União Brasil, fusão do Dem com o PSL, um futuro partido com maior bancada, mais dinheiro e mais tempo de TV e de rádio do que todos os outros, mas carente de quadros próprios para lançar à presidência. O ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, e o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta não se candidatam. E não querem Moro como seu candidato. Acostumados a mandar, os dois primeiros só estarão tranquilos com quem já conhecem e sabem que nele poderão confiar. Até completar a chapa do UB está complicado. O presidente do atual PSL, o inexpressivo Luciano Bivar, já disse que a fusão só existe porque ele será o vice.

Se o acordo não sair e as chances de fortalecer-se sozinho o decepcionarem, Moro, para conseguir um mandato, terá de apressar-se, pois não será governador do Paraná face à quase certa reeleição de Ratinho Júnior. Neste ano, só um senador será eleito por estado, e Álvaro Dias, um dos patronos de Moro, também não abre mão da reeleição. Restará a candidatura a deputado. Mas isto é pouco para quem se crê predestinado a governar o Brasil e purificar sua política e seus costumes. Moro é por demais noviço na política para seguir o exemplo do ex-governador Aécio Neves, que se contentou com o mandato de deputado, ou de Eduardo Suplicy e César Maia, respectivamente ex-senador e ex-governador e agora vereadores em São Paulo e no Rio.

Em tempo, Dallagnol será deputado federal (bem votado) no Paraná.

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