O show de horror da disputa pra vaga do “terrivelmente evangélico”
por Beatriz Prates em 09/04/21 19:18
Duas figuras importantes da nossa república estão numa disputa ferrenha pela próxima vaga do Supremo Tribunal Federal: o Procurador-geral da República Augusto Aras e o atual ministro da Advocacia Geral da União André Mendonça.
Os dois protagonizaram um show de horror no plenário do STF para defender a indefensável bandeira da reabertura das igrejas e templos no pior momento da pandemia no Brasil.
Augusto Aras falou como se não houvesse mais de 3 mil mortos no nosso país todos os dias. Ele disse que “o estado é laico, mas as pessoas não são. A ciência salva vidas, a fé também”.
André Mendonça foi pior: citou versículos da Bíblia e chegou a dizer que cristãos “estão sempre dispostos a morrer para garantir a liberdade de religião”. Sério, ministro?
Os dois preferiram ignorar a situação dramática que estamos vivendo para tentar agradar ao presidente doidivanas que continua prescrevendo remédio que não funciona e fazendo campanha contra máscara e o isolamento social.
Pegou tão mal a postura de Aras e Mendonça que a Associação Nacional dos Advogados Públicos Federais defendeu que fosse criado um período de desincompatibilização, uma quarentena, para que integrantes da AGU e PGR possam ser indicados para a vaga no STF. Talvez essa fosse uma solução para impedir que desejos presidenciais fossem realizados em troca de cargos.
Me pergunto até onde eles irão para conseguir a vaga de ministro do STF “terrivelmente evangélico” anunciada por Bolsonaro ? Quais são os limites?
Aras e Mendonça estão na disputa pela vaga do STF desde o início do governo. Da primeira vez foram preteridos e quem levou foi o hoje ministro Kassio Nunes Marques.
Aliás, acredito que Bolsonaro deve estar feliz com a escolha. Primeiro o ministro decidiu pela reabertura das igrejas e templos. Depois, no plenário do STF, a defesa do ministro sobre o tema foi totalmente alinhada ao grupo de apoio do presidente. Ao longo de sua fala, Nunes Marques repetiu frases que são largamente ditas em redes bolsonaristas como a de que estamos vivendo uma crise de direitos individuais e coletivos. Enquanto cravava que “igrejas fechadas não garantem que não haverá transmissão”, dizia que a liberdade de culto tem previsão constitucional. Quem está impedindo quem de rezar e praticar sua religião? Deus tá vendo.
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