A educação, algo de que tanto necessitamos, foi jogada para um segundo plano. Os ministros se sucederam, nenhum contribuiu com nada de positivo para a pasta.
por Edilson Luiz em 16/08/22 09:17
Recorrer ao antigo adágio “conhece a ti mesmo” não é puro clichê para atrair leitores, posar filosoficamente como alguém que tem algo a dizer. O intuito é aconselhar o eleitor que terá de fazer escolhas importantes em outubro próximo. Quem vota precisa entender quem é, o que quer e como conseguir o que quer.
Somos contraditórios. Na vida, inúmeras vezes fugimos da lógica para nos agarrarmos a alguma paixão prejudicial ao nosso futuro. Na política, isso não é diferente. Peguemos o exemplo do atual presidente da república. Seus cinquenta e sete milhões de votos são de pessoas que sabiam o que queriam. Em 2018 a maioria de nós desejava se ver livre da corrupção, mudar os rumos da economia e ter alguém que conservasse a sociedade patriarcal livre de qualquer novidade que maculasse a sensação de paz da família tradicional brasileira. Desejavam isso. Resta a pergunta: seus desejos foram realmente atendidos? Na minha opinião, não. Então vamos aos fatos.
Uma das promessas que mais agradava a quem desejava se ver livre da corrupção, sonhando em ter um Estado mais competente, consistia em que as escolhas para os ministérios seria puramente técnica. Gente qualificada, com entendimento da pasta, independente de partidos políticos, o que tornaria suas decisões totalmente voltadas para o bem estar do povo e pelo progresso do país. Temos exemplos de que isso esteve longe de acontecer.
A educação, algo de que tanto necessitamos, foi jogada para um segundo plano. Os ministros se sucederam, nenhum contribuiu com nada de positivo para a pasta e um deles esteve envolvido em esquema de corrupção, abafado pelo aparelhamento da Polícia Federal. Caso em que os personagens centrais do escândalo mudaram, saíram os políticos entraram em cartaz pastores evangélicos com claras ligações com o presidente. Vide o número de visitas feitas ao Palácio do Planalto. Saber disso é importante.
Na pasta de economia, apesar do titular ser considerado um expert da área, nenhuma das promessas foi cumprida. Os tais trilhões que viriam com privatizações nunca chegaram. Regras liberalizantes que destravariam à economia, fomento às empresas nacionais, foram sonhos curtos, que minguaram conforme membros vindos do setor privado abandonaram o Ministério da Economia, pedindo demissão por verem seus esforços baldados pelo próprio governo. Creio que quem é liberal e acompanha economia, sabe disso.
Mas nada foi tão contrário à promessa inicial do que o acontecido no Ministério da Saúde. Ao invés de recorrermos a um técnico, ou pelo menos a alguém que se sujeitasse às normas técnicas vigentes, fomos nos socorrer a um general incompetente, obediente ao grão-mestre, bem no meio de uma pandemia. Qual motivo de tamanho descompasso? O presidente encasquetou que a tal cloroquina combateria a Covid-19. Algo expressamente negado pela Ciência, dona da técnica para comprovar a efetividade de qualquer medicação. Quem falou tanto em técnica jogou a promessa no lixo. E isso todos nós deveríamos saber.
A quebra da promessa do combate à corrupção aconteceu ainda nos primeiros meses com o amordaçamento do COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras). O motivo dessa interrupção na fiscalização das movimentações financeiras foi de que o órgão descobriu os ganhos ilícitos através de rachadinha do filho do presidente. Com o COAF impedido de agir quantos esquemas de lavagem de dinheiro e desvio de verbas devem ter ocorrido simplesmente pelo fato de ser necessário proteger um dos príncipes da república? Saber dessa realidade também é importante para o pleito de outubro.
Algo que o hipotético leitor desse texto precisa saber é que voto em Ciro Gomes, e em nenhum momento desejo mudar seu voto… se você for democrata.
Voto no Ciro por saber que sou pobre, preto, de uma cidade pouco desenvolvida, que se apoiou na escola para poder garantir o sustento. E acho que nessa área ele pode contribuir para jovens como eu fui. Hoje quero que o dinheiro do governo seja investido no povo sem preocupar-se com as idiossincrasias do dito “Mercado”. Ouvindo todas as propostas até agora a do Ciro me parece a mais interessada em quebrar o atual modelo.
Por fim o modo como espero conseguir isso é com o combate diário contra a corrupção. O Brasil é país que vive em crise mesmo tendo dinheiro saindo pelo ladrão, que infelizmente cai no bolso dos ladrões.
Além dessas certezas particulares, também sei que o Ciro foi um péssimo político. Trocou uma aliança com Marina Silva, por péssimas ideias do senhor João Santana, que até agora não fez diferença nenhuma na campanha. A derrota é quase certa, mas a esperança é a última que morre.
Quanto a você meu amigo, tem dois meses para entender quem você é, pois não dá para exigir Estado mínimo quando você e seus parentes e amigos amargam longas filas no SUS. Tem de saber o que quer, afinal se deseja gasolina barata a Petrobrás não deve se submeter às regras de Mercado para pagar dividendos aos acionistas. Precisa saber como conseguir o que quer, elegendo um político com interesses semelhante aos seus.
Fará cinco escolhas importantes em 2 de outubro. Até lá saiba quais são elas, e se quem escolher quer as mesma coisas que você. E principalmente, continue sabendo o que o seu eleito está fazendo para representar a sua vontade, pois daqui a quatro anos terá de saber tudo isso novamente.
*Edilson Luiz é autor do Romance Pedro Feroz pela Kazuá
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