Os índices geram uma diferença média de três meses de aprendizado entre crianças de famílias mais vulneráveis e crianças de famílias com nível socioeconômico mais alto.
por Agência Bori em 19/09/22 16:46
A pandemia afetou o aprendizado das crianças em ensino remoto na pré-escola, principalmente as mais pobres. A observação é de cientistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Durham University, em estudo publicado na sexta (16), na revista Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, que mostram o quanto a interrupção das atividades presenciais nas escolas aumentou a desigualdade de aprendizagem durante o ano de 2020.
A pesquisa, coordenada pelos pesquisadores da UFRJ e financiada pela Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, aponta que crianças em situação de maior vulnerabilidade social, ou seja, que fazem parte de uma família com perfil socioeconômico mais baixo, aprenderam em média quase a metade (48%) do que seria esperado em aulas presenciais. Entre as crianças cujas famílias apresentavam perfil socioeconômico mais alto, o déficit foi menor. Elas aprenderam em média 75% do esperado, gerando uma diferença média de três meses de aprendizado entre os dois grupos de crianças. Outro dado significativo que a pesquisa mostra traz é que crianças que vivenciaram o segundo ano da pré-escola em 2020, a maior parte do tempo no formato remoto, aprenderam 66% em linguagem e 64% em matemática em comparação com o aprendizado das crianças em 2019.
Em 11 de março de 2020, a Covid-19 foi caracterizada pela OMS como uma pandemia. Segundo dados da UNESCO, mais de 190 países suspenderam o ensino presencial nas escolas. No Brasil, a maioria das escolas públicas permaneceu fechada durante quase todo o ano letivo de 2020 e reabriu lentamente em 2021.
Para compreender o efeito do ensino remoto no aprendizado das crianças no Brasil, os pesquisadores fizeram uma ampla comparação entre um grupo de crianças que cursou o segundo ano da pré-escola em 2019, com outro grupo da mesma etapa em 2020. Ambos os grupos estudavam nas mesmas escolas.
Foram observadas 671 crianças de 21 escolas da rede conveniada e privada na cidade do Rio de Janeiro. “Para chegar aos resultados, todas as crianças participaram de testes individuais, em dois momentos: no início e no final do ano letivo. Assim, foi nos permitido medir o aprendizado delas ao longo dos respectivos anos letivos – 2019 e 2020.”, explica o pesquisador Tiago Bartholo. Além das informações sobre o desenvolvimento infantil, questionários contextuais foram respondidos pelos responsáveis e professores das escolas.
Segundo Bartholo, este tipo de estudo é inédito no Brasil. “Os resultados desse estudo podem ajudar na formulação de um diagnóstico que deve ser a base para a elaboração de um plano nacional de recuperação da educação. Esse plano será mais efetivo se as defasagens nas aprendizagens forem mensuradas e a ampliação das desigualdades educacionais no país for levada em conta.”, destaca o pesquisador.
A pesquisa ainda está em andamento, com os autores coletando dados para estimar os impactos da pandemia no médio prazo, equivalente ao ano letivo de 2022. “O estudo é relevante porque coletou dados para uma faixa etária que em geral é deixada de lado nos estudos educacionais. Há pouca evidência de estudos robustos produzidos na educação infantil. Além disso, a maior parte das evidências sobre os efeitos da pandemia foram produzidas em países mais desenvolvidos.”, conclui Tiago Bartholo.
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