Novas mensagens entre Moro e Deltan envolvendo Lula são reveladas

A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve acesso às mensagens trocadas pelo ex-juiz Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol. O sigilo foi imposto pelo ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, que permitiu o acesso da defesa de Lula ao conteúdo que foi revelado pela revista Veja.

As conversas mostram que Moro e Deltan discutiram detalhes do processo, de como as acusações seriam apresentadas. Uma das discussões envolve o depoimento do empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS. Deltan pediu para que Moro impedisse o empreiteiro de falar sobre fatos alheios ao processo. Isso porque a defesa queria que ele fosse ouvido em uma ação que não envolvia o ex-presidente Lula, mas sim o ex-senador Gim Argello, do PTB.

Em outra conversa, Moro lembra Deltan que a Procuradoria precisa se manifestar e cobra a apresentação de uma denúncia. Eles também combinam um encontro para debater a apreensão de celulares e também discutem a prisão do ex-presidente da Câmara, o deputado Eduardo Cunha.

As conversas foram obtidas pela operação ‘Spoofing’ da Polícia Federal, que investigou um grupo de hackers que teria invadido o celular do ex-juiz, procuradores da Lava-jato e de outras autoridades.

O vazamento das conversas entre o ex-juiz e o procurador já havia ocorrido em uma série de reportagens do portal The Intercept, que ficou conhecida como ‘Vaza-jato’. A defesa de Lula pretende usar as mensagens para reforçar a tese de que Moro foi parcial no julgamento do caso do triplex no Guarujá. Lula foi condenado a 9 anos e meio de prisão.

O advogado criminalista Augusto de Arruda Botelho afirmou que se trata de um escândalo.

“As conversas deixam algo que já estava claro, e está mais escandaloso. O juiz Sérgio Moro agiu com suspeição, ele é suspeito porque perdeu a imparcialidade. O processo pode ser anulado, partes podem ser anuladas, isso ainda vai depender do que vai significar essa nulidade, é um campo muito amplo. Eu espero que alguma coisa aconteça, a gente não pode vir essa página do que eu considero o maior escândalo do poder judiciário brasileiro”, analisou o advogado.