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A vez de Jair Renan Bolsonaro: de pai para filho, trambiques já são uma tradição de família

De pai para filho, os zeros mais velhos mantiveram a tradição e  chegou a vez do “04”, Jair Renan, o caçula dos homens, também já algum tempo às voltas com problemas na Justiça, agora investigado pela Polícia Civil do DF

Em 24/08/23 16:52
por Balaio do Kotscho

Ricardo Kotscho, 75, paulistano e são-paulino, é jornalista desde 1964, tem duas filhas, 5 netos e 19 livros publicados. Já trabalhou em praticamente todos os principais veículos de mídia impressa e eletrônica. Foi Secretário de Imprensa e Divulgação da Presidência da República (2003-2004). Entre outras premiações, foi um dos cinco jornalistas brasileiros contemplados com o Troféu Especial de Direitos Humanos da ONU, em 2008, ano em que começou a publicar o blog Balaio do Kotscho, onde escreve sobre a cena política, esportes, cultura e histórias do cotidiano

Reprodução: Instagram

Desde que foi saído do Exército e se elegeu vereador no Rio, na década de 1980, o ex-capitão Jair Bolsonaro aprimorou um  “modus operandi” de pequenos e grandes trambiques contra o patrimônio público para aumentar a renda da família.

Em seus 30 anos no parlamento brasileiro, não fez nem apresentou nada que preste para o país, mas o patrimônio familiar não parou de crescer, com a compra de dezenas de imóveis com dinheiro vivo, graças à multiplicação de funcionários fantasmas nos gabinetes dele e dos filhos que recebiam a famosa “rachadinha”.

Mas esses ainda eram tempos românticos. Ao assumir a Presidência da República, em nome do combate à corrupção e com o apoio de amplos setores das Forças Armadas, a trambicagem se profissionalizou, com a ajuda do seu staff militar, até chegar aos colares de diamantes e outras joias árabes, que ele surrupiou do patrimônio público e tentou vender nos Estados Unidos, mobilizando para isso até um general, o pai do seu ajudante de ordens, um tenente coronel.

De pai para filho, os zeros mais velhos mantiveram a tradição e  chegou a vez do “04”, Jair Renan, o caçula dos homens, também já algum tempo às voltas com problemas na Justiça, agora investigado pela Polícia Civil do DF por suspeita de falsidade ideológica, associação criminosa, estelionato, crimes contra a ordem tributária e lavagem de dinheiro, nada que seja surpresa para a família.

O instrutor de tiro de Jair Renan, Maciel Carvalho, suspeito de ser o mentor do esquema, coleciona vários registros criminais que incluem corrupção ativa, uso de documento falso e disparo de arma de fogo. Imóveis de Jair Renan em Brasília e no Balneário Camboriú, em Santa Catarina, foram alvos de busca e apreensão.

Nesta mesma quinta-feira, ficamos sabendo que o patriarca de família encontrou uma nova forma de se defender no escândalo das jóias árabes: a defesa do ex-presidente resolveu pedir o tesouro de volta, alegando que Bolsonaro é o legítimo dono da muamba que não foi declarada até hoje ao imposto de renda.

É muito cinismo e deboche para quem está encalacrado até as orelhas em dezenas de inquéritos cíveis, eleitorais e criminais no STF, no TSE e em outras instâncias da Justiça. A manobra da defesa para livrar a cara de Jair pai, revelada pela colunista Mônica Bergamo, na Folha, serve apenas para gerar dúvidas na cabeça dos devotos sobre quem é o dono do tesouro, se o ex-presidente ou o patrimônio público, enquanto ele se prepara para depor sobre o caso das joias na Polícia Federal, no próximo dia 31,  juntamente com Michelle, Mauro Cid, Frederic Wasseff e outros patriotas.

Para a defesa, “os objetos pertencem ao ex-presidente e, por isso, devem ser devolvidas”. Ponto final. Então tá bom… Recomendo ao advogado Paulo Cunha Bueno, que acredita nisso, para esperar sentado. Nem os bolsonaristas mais fanáticos acreditam no sucesso da manobra, feita só para desviar o assunto, e transformar o réu em vítima.

Até quando vamos ficar falando nessa novela das joias? Não tem nada de mais importante acontecendo no país? Tem, mas acho que agora todo mundo quer saber como essa história vai acabar.

Bolsonaro vai ser preso ou não vai? Quando?

Vida que segue.

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