Segue repercutindo, majoritariamente negativamente, a declaração do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), de que os atos violentos do 8 de janeiro não caracterizaram uma tentativa de golpe, mas uma ação de baderneiros inconformados com o resultado da eleição.
Ao MyNews, João Vicente Goulart criticou a colocação do novo comandante da Casa e classificou o ocorrido como real tentativa de golpe. João é filho do ex-presidente João Goulart, deposto pelos militares em 1964, após um golpe que jogou o país numa ditadura de 21 anos.
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Em entrevista a uma rádio da Paraíba, semana passada, Motta declarou que o 8 de janeiro foi uma agressão inimaginável às instituições, mas “agora, querer dizer que foi um golpe…Golpe tem que ter um líder, tem que ter pessoa estimulando, apoio de outras instituições interessadas, como as Forças Armadas, e não teve isso”.
Relatório de 884 páginas da Polícia Federal apontou Jair Bolsonaro como o líder da organização criminosa que tentou desestabilizar o país e dar um golpe de Estado.
João Vicente afirmou que Motta está sendo “inocente”, no sentido de ingênuo, ao dissociar o vandalismo daquele 8 de janeiro como uma tentativa de golpe de Estado.
“Não sabia que o Hugo Motta era tão inocente ao colocar que o 8 de janeiro não foi uma tentativa de golpe de Estado. Não sei o que ele entende como golpe de Estado. Qualquer desestabilização social conduz a uma tentativa de golpe. Essa tentativa de golpe foi real”, disse João Vicente, que fez uma comparação com 1964, quando seu pai foi deposto da Presidência da República.
“Digo que 1964 começou com bagunça. Uma bagunça da direita, com marcha pela liberdade, por Deus e com a família”, lembrou.
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O filho de Jango comparou o entendimento de Motta a uma cena de uma assalto ao banco.
“É como pensar que, num assalto a banco, os meliantes chegam ao banco, atiram e quebram as vidraças e aí chega a polícia. Não houve assalto, por isso são inocentes? Ora”.