Mais de 40 milhões de brasileiros devem receber benefício. Para analistas, valores estão aquém do que poderiam ser
por Vitor Hugo Gonçalves em 02/04/21 10:21
Os cidadãos brasileiros poderão saber a partir desta sexta-feira (2) quem terá o direito de receber as quatro parcelas da nova rodada do auxílio emergencial (pagas a partir do dia seis de abril). A consulta deve ser realizada por meio do site oficial do Ministério da Cidadania ou pelas páginas da Dataprev e da Caixa Econômica Federal.
São elegíveis à nova rodada de pagamentos apenas os trabalhadores que já tiveram o direito ao benefício em dezembro do ano passado. A Dataprev informou que cerca de 40,4 milhões de brasileiros estão habilitados no processo nessa primeira etapa.
Segundo João Roma, ministro da Cidadania, estarão na primeira lista de beneficiados todo o público do Bolsa Família, além daqueles que estavam cadastrados – e aprovados previamente – para receber o auxílio até dezembro de 2020.
Novas inscrições não serão disponibilizadas, mas será implementado um canal para contestações. Roma explicou ainda que os trabalhadores que tinham registro em carteira e perderam o emprego após o mês de dezembro não serão beneficiados pelo auxílio, mas sim pelo seguro-desemprego.
O valor médio dessa rodada é de R$ 250, podendo variar de R$ 150 a R$ 375, dependendo da composição familiar. Para Paulo Froes, diretor da empresa SRM Asset, o valor oferecido “está muito aquém do que poderia ser”.
A gente tem um problema que vem desde o final de 2019 e que se agravou com a pandemia, que é a questão fiscal; aqui os assuntos se misturam: se falamos de auxílio emergencial temos que falar de Orçamento, além de todo esse ‘puxadinho’ político, um estica e puxa para acomodar os interesses das Casas e o oposicionismo em relação ao presidente Jair Bolsonaro.” […] “Viemos de um processo de transferência de renda com o auxílio emergencial no ano passado, devido ao estado de calamidade aprovado pelo Congresso. Agora, diante dessa nova PEC Emergencial, apesar de toda essa dinâmica construída, o que vemos é um auxílio emergencial que talvez não seja suficiente para atender a população diante do pior cenário no país, com quatro mil mortes por dia”, explicou Froes.
Paulo Feldman, economista da USP, afirma que o valor desempenhado pelo Governo Federal poderia ter sido dilatado no Orçamento da União de 2021 (aprovado pelo Congresso apenas no final de março).
“Esse é um valor que poderia ter sido ampliado no Orçamento do Governo Federal, uma vez que foi destinado um valor muito baixo para o auxílio emergencial. Houve uma redução muito grande no número de beneficiados e, ao mesmo tempo, uma redução grande no valor… Isso será um problema, não tenha dúvidas, porque não haverá o crescimento no consumo que houve no ano passado. O auxílio ano passado foi ótimo pois ele provocou um aumento do consumo nas regiões mais carentes do país – as pessoas mais necessitadas compraram leite, remédio, coisas básicas para a alimentação, e com isso conseguiram sobreviver sem ter que sair de casa. Agora, com esse valor muito menor, as pessoas vão ter que sair de casa, e de cara temos um problema: a exposição ao vírus”, elucidou Feldman.
Analisando o atual cenário da crise sanitária no país, o economista ponderou dizendo que “lamentavelmente a economia brasileira vai continuar numa situação muito difícil, principalmente em razão da pandemia – enquanto não resolvermos essa questão, não podemos considerar que a economia volte ao normal. Entretanto, não há previsão de melhora para os próximos meses, apenas, e se houver, para o fim do ano. 2021, na minha opinião, a economia nacional deve fechar com um crescimento de quase zero”.
Anteriormente, a pasta havia anunciado que a consulta estaria disponível já na quinta-feira (1º). Entretanto, devido à necessidade de adequações técnicas, a alta foi remanejada. De acordo com João Roma, o atraso foi consequência da “gama muito grande de informações”, além do envolvimento de “várias instituições”.
A Dataprev, empresa responsável pela tecnologia e informações da Previdência, complementou a fala do ministro ao afirmar em nota que a nova data foi definida “em função da necessidade de alinhamento dos canais de atendimento dos três órgãos diretamente envolvidos no programa – Ministério da Cidadania, Dataprev e Caixa”.
Roma disse ainda que não é preciso ir presencialmente às agências da Caixa – “Vamos evitar aglomerações”, comentou. Para essa nova rodada, dispensa-se também a necessidade de fazer qualquer tipo de atualização cadastral.
A consulta poderá ser feita pelo link https://consultaauxilio.cidadania.gov.br/consulta/#/, informando o número do CPF, nome completo, nome da mãe e data de nascimento. Pelos canais da Caixa através do site auxilio.caixa.gov.br ou pelo telefone 111.
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