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Economia

Vetos no Orçamento

“Governo corre risco de shutdown”, diz analista

Para Simone Pasianotto, Bolsonaro optou por um orçamento que deixa a máquina pública no fio da navalha

por Juliana Braga em 23/04/21 17:28

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sancionou com vetos o Orçamento Geral da União para 2021. Segundo o informado pela Secretaria de Governo da Presidência, houve um veto definitivo de R$ 19,8 bilhões de dotações orçamentárias, sendo R$ 10,5 bilhões em emendas do relator, R$ 1,4 bilhão em emendas das comissões do Congresso e R$ 7,9 bilhões em empresas discricionárias do Executivo. Para a economista chefe da Reag Investimentos, Simone Pasioanotto, há risco de “shut down”, ou seja, de paralisia das atividades do governo.

Coletiva de imprensa com o Presidente da República Jair Bolsonaro e o ministro da Economia Paulo Guedes.
Coletiva de imprensa com o Presidente da República Jair Bolsonaro e o ministro da Economia Paulo Guedes. Foto: Marcos Corrêa (PR).

“As estimativas são de que os valores livres para a máquina funcionar fiquem em R$ 80 bilhões e R$ 90 bilhões, patamar bastante abaixo do que foi demandado nos anos recentes”, explica a economista.

Na manhã desta sexta-feira (23), o presidente publicou no Diário Oficial da União um decreto com o bloqueio do orçamento de algumas pastas. A diferença entre o veto e o bloqueio é que o segundo permite a liberação caso haja espaço no futuro. De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, a pasta mais afetada foi a Educação, com o contingenciamento de R$ 2,7 bilhões. O Ministério da Economia e o da Defesa perderam, respectivamente, R$ 1,4 bilhão e R$ 1,3 bilhão.

O Orçamento foi sancionado ontem, na data limite, depois de uma crise entre o Congresso Nacional e o governo. O presidente da Câmara, Arthur Lira, cobrava cerca de R$ 16 bilhões em emendas prometidos como contrapartida à aprovação da PEC Emergencial. Como foi aprovado, o orçamento era inexequível, segundo o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Para Simone, o governo optou por um orçamento que vai fazer a máquina pública “trilhar no fio da navalha”, o que deixa o investidor temeroso de como será sua execução. Segundo ela, Bolsonaro preferiu aceitar um acordo político que garantiu fartas emendas parlamentares. “O governo optou por um orçamento que faz efetivamente a máquina pública rodar no sapatinho”, analisa.

Segundo ela, a novela do orçamento chega ao fim fazendo história, com o maior atraso para sancionar o orçamento em 15 anos. “Aparentemente a novela acabou, mas eu acho que a gente vai ter aí uma minissérie”, comparou.

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