Economia

FUGA DOS ESTRANGEIROS

Investimento externo no Brasil cai ao menor nível em 20 anos, mostra relatório da ONU

Com pandemia em 2020, país recuou da 6ª posição para 11º lugar em ranking de atração de investimento externo

por Juliana Causin em 11/08/21 20:04

Em meio ao descontrole da pandemia e incertezas político-econômicas, o investimento estrangeiro no Brasil desabou 62% em 2020, em relação ao ano anterior. O resultado foi divulgado nesta segunda-feira (22) pelo relatório da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD).

A soma de investimento estrangeiro no país foi de US$ 65 bilhões, em 2019, para US$ 25 bilhões em 2020, o que representa um recuo aos patamares de duas décadas atrás. Os dados do Monitor de Tendências de Investimentos Globais da UNCTAD mostram ainda que o desempenho brasileiro foi pior que o da média dos países da América Latina e Caribe. 

Segundo o documento, a crise gerada pela pandemia da Covid-19 fez com que o fluxo de investimento externo global tivesse queda de 35%, retornando ao patamar de 2005. Na América Latina e Caribe, o recuo do IED (Investimento Externo Direto) foi 55%. No mesmo período, países vizinhos como Argentina (-38%), Chile (-33%) e Colômbia (46%), acabaram menos prejudicados que o Brasil.

O resultado fez com que o país caísse também no ranking de atração de investimento da organização, indo da 6ª posição em 2019 para o 11º lugar em 2020. Pela primeira vez em 14 anos o Brasil acabou superado pelo México, que tomou a liderança na região em relação a atração de investimento de fora.

Diferente do investimento estrangeiro no mercado de capitais ou em títulos da dívida, o IED (Investimento Externo Direto) representa decisões para fluxos de mais longo prazo, que costumam ter efeitos na economia real. É o que explica Cláudio Frischtak, sócio da Inter.B Consultoria.

“O Investimento Externo Direto tende a ser de médio e longo prazo. Em alguns setores, como infraestrutura, são investimentos de 15, 20, até 30 anos”, diz ele. Frischtak lembra que, em um cenário de incertezas, os investidores estrangeiros costumam adiar as decisões sobre aporte financeiro para um país. 

“A tendência dos que não estão aqui é tipicamente esperar para ver como é que fica. Essa é a tendência, o que é muito ruim. Porque o investimento direto estrangeiro tem, de modo geral, um papel transformador na nossa economia. Junto com os recursos vêm tecnologia, inovação, novas formas de organizar a produção, de bens ou serviços. Seria uma forma de integrar o nosso país no mundo”, acrescenta o economista. 

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