Economia

ANÁLISE

Por que a alta do PIB não se reflete em mais emprego e renda?

Para economistas, resultado puxado pela alta das commodities é positivo, mas não melhora quadro de desemprego e de renda

por Juliana Causin em 04/06/21 10:21

Com alta de 1,2%, o resultado do PIB no primeiro trimestre surpreendeu analistas que esperavam o crescimento menor  da economia brasileira neste início de ano. A boa notícia para a atividade econômica, no entanto, pode não refletir na queda do desemprego e no aumento da renda das famílias. 

“É um dado positivo. Agora, não é de se esperar que essa dinâmica se repita por muito tempo”, avalia o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Pedro Paulo Silveira. Ele destaca que o resultado divulgado pelo IBGE traz a influência predominante do desempenho do agronegócio e das atividades extrativas.  “Essas atividades têm sustentado o crescimento econômico, enquanto as atividades mais urbanas continuam prejudicadas”, diz.

“A minha preocupação básica é que os setores que respondem às commodities têm uma forma de impactar a economia que é boa, mas é limitada. Você pode ter esses setores crescendo muito sem que você gere muito emprego, sem que você jogue mais renda”, afirma Pedro Paulo. Ele explica que essa dinâmica acontece por serem os setores ligados a commodities altamente produtivos, com alta tecnologia e que, segundo ele, “produzem muito PIB com pouca gente”.

Essa é também a avaliação do economista Paulo Dutra, coordenador de Economia da FAAP e professor do Mackenzie. “Quando a gente olha o setor de serviços, ele está praticamente zerado. Do lado da demanda, tanto o consumo das famílias quanto o consumo do governo está negativo”, explica Dutra.

Os dados divulgados hoje pelo IBGE mostram que enquanto a agropecuária cresceu 5,7% e a indústria extrativa subiu 3,2% no primeiro trimestre, o setor de serviços teve alta de 0,4%. Na comparação anual, o setor ainda acumula queda, de 0,8%. Do ponto de vista da demanda, o consumo das famílias recuou 0,1%, enquanto o consumo do governo teve retração de 0,8%.

“Esse crescimento do PIB não gera a quantidade de empregos que a gente precisa. O que precisamos para que o emprego volte? Vacinação em massa”, analisa Paulo Dutra. Ele lembra que somente a imunização deve levar a retomada completa do setor de serviços, que mais emprega no país e que representa mais de 70% do PIB. Atividades como as de bares, restaurantes e shows, ele lembra, só irão retomar com potência após o controle da pandemia.

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