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Economia

DESIGUALDADE

“Situação social é muito mais grave agora que era há um ano”, diz especialista

Avanço da pandemia, desemprego, inflação sobre alimentos e afrouxamento de políticas de proteção social agravam cenário

por Juliana Causin em 02/03/21 08:08

Em conversa com apoiadores nesta segunda-feira (1º), o presidente Jair Bolsonaro disse que “está quase tudo certo” para a retomada do auxílio emergencial em 2021. Segundo o presidente, o valor do benefício será de quatro parcelas de R$ 250.

O martelo sobre o auxílio foi batido ontem em reunião de Bolsonaro com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e o ministro da Economia, Paulo Guedes. Em entrevista à TV Record, com discurso alinhado ao de Bolsonaro, Lira afirmou que o auxílio será pago até junho deste ano em parcelas de R$ 250. 

Para Fernando Burgos, professor da FGV-EAESP, especialista em políticas sociais e desigualdade, os R$ 250 de volta do auxílio aliviam a situação de famílias na pobreza e extrema pobreza, mas “são insuficientes para trazer um grau mínimo de dignidade a uma pessoa”. 

“De um lado a gente tem uma economia que vai demorar muito para se restabelecer, com a demora do governo em vacinar e adotar medidas de enfrentamento à pandemia. Do outro, a gente tem uma população em situação de rua muito maior, mais casos de violência. A situação do país é muito mais grave agora do que era há um ano”, avalia Burgos em entrevista ao Dinheiro Na Conta. 

Ele destaca ainda que, com a baixa atividade econômica e redução na arrecadação pelos governos, as políticas de proteção social tendem a sofrer com reduções, enquanto a necessidade de atendimento aumenta. “De um lado você tem os governos com menos dinheiro para fazer e do outro você vai ter uma demanda muito maior por serviços públicos. Eu não tenho dúvida nenhuma ao dizer que nossos próximos meses vão ser absolutamente dramáticos do ponto de vista social”. 

Burgos avalia que, se o impacto da pandemia nos mais vulneráveis já era grande em 2020, ele tende a ficar ainda maior em 2021 com um auxílio emergencial de valor menor, uma taxa de desemprego alta e inflação de alimentos que pesa mais no orçamento dos mais pobres. “Os próximos meses serão gravíssimos do ponto de vista social”, conclui.

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